Livro: Misteriosa paixão
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... Barbara Pierce MISTERIOSA PAIXÃO A Lady's Mischief Inglaterra, 1792 Em nome do amor Quinze anos atrás, por uma estranha reviravolta do destino, Rayne Wyman viu-se banido pela sociedade e por sua família. Agora, nem mesmo seu juramento de vingar-se é o suficiente para impeli-lo a voltar ao mundo civilizado novamente. Rayne tem certeza de que nada, nem ninguém, o fará mudar de idéia. E então, a linda e encantadora Devona Bedegrayne ousa bater à sua porta, pedindo ajuda. Intrigado com a inocência da jovem, e exasperado com sua determinação, Rayne está longe de imaginar o perigo que Devona enfrenta, e o irresistível desejo que ela despertará quando ele se tornar seu cúmplice numa escandalosa confusão... TÍTULO ORIGINAL: A Lady's Mischief DIGITALIZAÇÃO E REVISÃO : MARINA Formatação: MORGANA Prólogo Inglaterra, 1792 Rayne Tolland Wyman tinha certeza de duas coisas. Aquele era seu aniversário de quinze anos. E estava morrendo. Trêmulo, tentou se mexer dentro da completa escuridão, mas algo o restringia. De repente, um facho de luz. Seria real, ou apenas delirava devido à febre? Não, não importava a natureza do clarão. Pelo menos agora conseguia enxergar seu corpo ema-ciado. Horrorizado, descobriu sanguessugas gordas rastejando sobre o peito, sorvendo a seiva da vida que ainda lhe restava. — Vovó — murmurou, tentando estender o braço em busca de conforto. Mãos enluvadas o seguraram de leve, num toque quase impessoal. Ele agarrou-se aos dedos magros e ossudos como um náufrago a um pedaço de madeira. — Sossegue, menino. Estou aqui. Tantas vezes a avó fora mais sua mãe que a mulher que o concebera. Então o vulto da velha dama, vestida de negro, se misturou às sombras, a figura etérea se dissolvendo no vento. — Estou morrendo, vovó. — Tolice. A febre é alta, mas você vai resistir. Vai lutar. A luz esmaeceu e vozes soaram a distância. Seria sua avó conversando com o médico que haviam convoca ...

o para atendê-lo e ao irmão, Devlin? O filho primogênito. O pre¬cioso herdeiro. Devlin adoecera dois dias antes da febre co¬meçar a devorá-lo e, desde então, lady Wyman não saíra da cabeceira do filho mais velho, não encontrando um único momento para visitar o filho caçula. Trovões ecoaram ao longe. Caía uma chuva fina, embora o ar ao seu redor cheirasse a mofo. — Vovó? Nenhuma resposta. Virando a cabeça, perguntou-se por que teriam fechado o cortinado da cama. Por acaso não o percebiam a ponto de sufocar? Não o escutavam chamando a todos? O medo possuía um gosto distinto, decidiu. Uma combinação de sangue, suor, e urina. Rayne engoliu em seco, nauseado pelo movimento dos parasitas esfomeados que o estavam matando lentamente. — Quero-os longe de mim. Um raio atingiu a casa, o estrondo fazendo-a vibrar. Mais outro raio, e outro raio. A tempestade rugia, parecendo imi¬tar seu tormento interior. Se lhe sobrasse um pingo de energia, esmagaria os vermes que o corroíam. Novamente vozes estranhas o perturbaram. — Nosso homem quer carne fresca — disse o desconhe¬cido. — Impossível mais fresca do que esta. O rapaz morreu há pouco. Morreu? Desesperado, Rayne procurou entender o signi¬ficado do que acabara de ouvir. Devlin morrera? Isso expli¬cava a ausência de todos. — Ele é da nobreza. Vi a velha dama, aos prantos, de¬bruçada sobre o cadáver. O primogênito dessa mesma famí¬lia faleceu há dois dias, vitimado por uma doença idêntica. — Doença? Não creio que nosso cliente vá ficar satisfeito com mercadoria estragada. Outro trovão sacudiu as fundações da casa e Rayne se convenceu de que um raio abrira uma fenda no telhado, porque a chuva agora molhava seu rosto. — Chegue a lamparina mais para perto, para darmos uma boa olhada no defunto. Hum... novo. Quinze anos no máxi¬mo. Nosso cliente deixou claro não querer crianças. — Aposto que conseguiremos dois guinéus por esse aí. Afinal, é quase um ho ...

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