Livro: A Lei do Deserto Página 2
Autor - Fonte: Christian Jacq
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nar Ramsés, o Grande.
E, quando tinha finalmente conseguido obter plenos poderes para ligar entre si os elementos dispersos, o azar batera-lhe à porta.
Paser lembrava-se de todos os momentos daquela noite terrível. A mensagem anónima avisando-o de que o seu mestre Branir corria perigo, a corrida desvairada pelas ruas da cidade, a descoberta do cadáver do sábio Branir, uma agulha de madrepérola espetada no seu pescoço, a chegada do chefe da polícia, que não hesitou em considerar Paser um assassino, a sórdida cumplicidade do deão do pórtico, o mais alto magistrado de Mênfis, o seu transporte em segredo para a prisão e, quando o seu fim chegasse, uma morte solitária sem que a verdade viesse a ser conhecida.
A trama fora organizada com a máxima perfeição. Com o apoio de Branir, o juiz poderia ter investigado nos templos e identificado os ladrões do ferro celeste. Mas o seu mestre tinha sido eliminado, tal como os veteranos, por misteriosos agressores cujos fins continuavam obscuros. O juiz chegara à conclusão de que entre eles figuravam uma mulher e vários homens de origem estrangeira; as suas suspeitas recaíam sobre o químico Chéchi, o dentista Qadash e a mulher do transportador Denes, homem rico, influente e desonesto, mas não tinha a certeza de nada.
Paser resistia ao calor, às tempestades de areia e à comida intragável, porque queria sobreviver, apertar Néféret nos braços e ver a justiça florescer de novo.
O que teria inventado o deão do pórtico, seu superior hierárquico, para explicar o seu desaparecimento? E que calúnias espalharia a seu respeito?
Fugir, era uma utopia, ainda que o campo se abrisse sobre as colinas vizinhas. A pé, não iria longe. Tinham-no mandado para ali, para que ali definhasse. Quando estivesse fraco, consumido, quando tivesse perdido a última réstia de esperança, divagaria, como um pobre louco repetindo incoerências.
Nem Néféret nem Suti o abandonariam. Recusariam qualq
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er mentira e qualquer calúnia, procurá-lo-iam por todo o Egito. Tinha de ser optimista e deixar o tempo correr-lhe nas veias.
Os cinco conjurados encontraram-se na quinta abandonada onde era costume reunirem-se. A atmosfera era de júbilo, o plano desenrolava-se como previsto.
Depois de terem violado a grande pirâmide de Quéops e roubado as maiores insígnias do poder o côvado em ouro e o testamento dos deuses, sem o qual Ramsés, o Grande, perdia toda a sua legitimidade cada dia que passava mais se aproximavam do seu objetivo.
O assassinato dos veteranos que guardavam a esfinge de onde partia o corredor subterrâneo, que lhes permitira introduzirem-se na pirâmide, bem como a eliminação do juiz Paser eram incidentes menores, já esquecidos.
Ainda falta o mais importante disse um dos conjurados Ramsés continua no poder.
Não sejamos impacientes.
Fala por ti.
Falo por todos; precisamos de tempo para assegurarmos as fundações do nosso futuro império. Quanto mais preso Ramsés se sentir, incapaz de agir, consciente da queda, mais fácil se tornará a nossa vitória. Ele não pode revelar a ninguém que a grande pirâmide foi assaltada e que o centro de energia espiritual, o qual ele é o único responsável, já não funciona.
Em breve, as suas forças enfraquecerão; ver-se-á obrigado a viver o ritual da regeneração.
Quem o obrigará a isso?
A tradição, os sacerdotes e ele próprio! É impossível fugir a esse dever.
No fim da festa, deverá mostrar o testamento dos deuses ao povo!
Ou seja, este testamento que está nas nossas mãos.
Então, Ramsés ver-se-á obrigado a abdicar e entregar o trono ao seu sucessor.
Precisamente aquele que foi designado por nós.
Os conjurados sentiam já o sabor da vitória. Ramsés, o Grande, reduzido a escravo, não teria alternativa. Todos os membros da conspiração seriam recompensados segundo os seus méritos e, no futuro, todos ocupariam uma posição privileg ...
Comentários:
zelo: espero que continue depois de tudo quero ler o final.
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