Livro: A Força do Destino Página 2

... no meio cinematográfico. Estava acostumada a frequentar esse tipo de festa e seu maior divertimento era se sentar num canto e ficar observando as pessoas. As portas de vidro que davam para o jardim foram aber¬tas. A brisa da noite penetrava no saião, aliviando a fumaça dos cigarros e o cheiro de bebida. Joanne se sentou perto de uma das portas e viu que Clea estava no jardim, de azul e branco, suas cores prediletas, que realçavam ainda mais a sua beleza. Os olhos eram azuis-transparentes, o que con¬trastava harmoniosamente com os cabelos completamente negros. Havia muitos boatos de que ela tingia os cabelos, mas Joanne sabia que isto era mentira. Clea não precisava fazer nada para conservá-los daquela cor. Lester estava falando alto, seus olhos percorriam os convidados. — Mas onde está Clea? Você precisa conhecê-la pessoal¬mente, Ben, é tão maravilhosa quanto nas telas. — Seu olhar encontrou Joanne num canto do salão, e imediatamente Lester sorriu. Era muito comum que os outros sorrissem para ela. Joanne acompanhava Clea e fazia o trabalho de relações pú¬blicas para ela. Apesar de serem um pouco parecidas, Joanne não tinha o impacto da beleza da mãe. Onde quer que Clea entrasse, atraía a atenção de todos. Joanne estava acostumada com isto e nem se importou com o sorriso educado de Lester; sorrindo para ele também, encontrou o olhar do homem que estava junto de Lester. O olhar era frio e hostil. Quem é que ele pensava que era? Tentou desviar a atenção mas os olhos dele a penetravam. O homem continuou a olhá-la por mais uns instantes e depois desviou o rosto. Joanne ficou furiosa pelo desinte¬resse. Não era fácil para ela viver à sombra de Clea. Sen¬tia-se sempre ignorada por todos. Olhando novamente, observou a elegância que ele osten¬tava: terno e sapatos pretos que contrastavam harmonio¬samente com os cabelos loiros. Roupa discreta, o que reve¬lava algo de sua personalidade. Usava também uma camisa azul-claro, impecá ...

el, e estava sério demais para uma festa. Parecia que tinha acabado de sair de uma reunião impor¬tante. Será que ele não tinha tido o cuidado de informar-se sobre o traje a usar? Ou tinha feito de propósito, para que todos se sentissem menos à vontade com a sua presença? A maioria das mulheres estava com os olhos fixos nele. Joanne já tinha visto muitos homens bonitos frequentando o meio artístico, mas aquele era diferente. Era alto, elegante e muito atraente; tinha um físico de atleta e parecia ser muito forte. Algumas pessoas que caminhavam para o meio do salão formaram um obstáculo para sua visão, mas logo deslocaram-se e ela pôde continuar a vê-lo. Ele também a olhava e Joanne desviou o rosto, sentindo-se furiosa por estar tão presa a ele. Mas a tentação era muito grande. Olhou novamente e viu que Lina Rothman estava se aproximando deles. — Lester, querido. — Passou a mão pelo braço dele en¬quanto seus olhos verdes fixavam os do seu companheiro. Lester admirou-se ao ver que ela não escondia o interesse. — Lina, este é Ben Norris. — O filho de Jeb Norris? — A voz de Lina revelava surpresa e curiosidade ao mesmo tempo. Joanne levou um choque quando ouviu o nome do estra¬nho. O filho de Jeb Norris, pensou, ele está aqui! Meu Deus! E Lester trouxe-o para a festa de Clea? Será que está maluco ou não sabe o que está fazendo? A maioria das pessoas não se lembrava mais da história, que tinha sido um grande escândalo vinte anos atrás. Clea tinha se tornado motivo de fofocas e nunca mais pôde manter sua vida amorosa privada. Jeb Norris duelou pela conquista dela, na praia de Santa Anna. Isto tinha sido até manchete de jornal. Ele ficou ferido e precisou de uma semana de hospital. Seu adversário saiu ileso e acabou se casando com Clea, um mês depois, na Inglaterra. Joanne encarou o filho de Jeb Norris. Pelo que tinha visto nas fotos dos jornais, ele realmente lembrava a figura do pai, bem mais jovem, claro. Um ano ...

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