Livro: A Força de Um Olhar Página 2

... l. Mas, pensou ela, havia algo a ser dito em relação a isto. A tranqüilidade. A cor. O ritmo mais lento. No entanto, não fazia sentido acostumar-se a isso. Os saltos de oito centímetros cambaleavam leve¬mente na entrada de pedras, mas pensou ser exata¬mente o apropriado. Não estivera desequilibrada per¬to de Cooper o ano inteiro? Além disso, se tivesse bom senso, teria viajado de jeans e tênis. Mas não. ela deveria estar bem-vestida quando o visse. Não que eleja tivesse notado o que ela vestia. Cerrando os dentes, Kara admitiu para si mesma que Cooper não prestaria atenção nem se ela apare¬cesse nua. O que, ela lembrou-se, era exatamente o motivo pelo qual tinha de largar o emprego. Era difícil de¬mais. Triste demais estar apaixonada por um homem que a vê apenas como a assistente mais eficiente do mundo. — Culpa minha — murmurou ela, virando as cos¬tas para a casa para ir até a parte de trás do carro. Ela apertou um botão no chaveiro e o porta-malas abriu-se como a tampa de um caixão em um velho filme do Drácula. Eles trabalhavam bem juntos, davam muitas risa¬das e Kara tinha a satisfação de saber que desempe¬nhava bem o seu trabalho, tão bem que ele não conse¬guia viver sem ela. E então ela estragara tudo mudan¬do as regras. Não tinha certeza de quando acontecera. De quan¬do parará de olhar para Cooper como seu chefe e co¬meçara a ter sonhos obscenos com ele. Droga. Ele conseguira fazer com que ela se apaixonasse por ele sem nem mesmo tentar e não tinha nem mesmo a de¬cência de perceber. Era por isso que tinha de pedir demissão. Tinha de escapar enquanto ainda podia. Era, como sua amiga Gina tinha dito noite passada, uma terrível emergên¬cia. Gina a levara para beber alguns drinques e lhe dera conselhos sérios, aparentemente o dever de uma me¬lhor amiga. — Você sabe muito bem que o cara nunca vai mu¬dar. — Por que mudaria? — desafiou Kara, cutucando a azeitona de seu martíni como se fosse um ...

lieníge¬na pronto para conquistar o mundo. -— No que diz respeito a ele, tudo está ótimo. Fabuloso. — Exatamente onde quero chegar. Gina piscou os olhos para ela, levantou uma mão para pedir mais uma rodada para o barman, depois se virou para olhar para sua amiga novamente. — Ele está na Califórnia há quanto tempo? Três dias? — Siiiim. — E eleja ligou para você umas cem vezes. Verdade. O telefone celular de Kara, sempre liga¬do para que Cooper pudesse falar com ela sempre que precisasse, estivera tocando com uma regularidade alarmante. Kara checou seu relógio. Vinte minutos desde a última ligação dele. Ele estava no seu direito. — Eu trabalho para ele. — Oh, vai muito além disso, Kara — disse Gina. — A última vez que ele ligou, foi para perguntar como se fazia café. Ele tem trinta e poucos anos e não pode fazer um café sem a sua ajuda? Kara deu risada. — Ele tem 31 e sabe fazer café. Só é horrível. Gina não estava achando engraçado. Balançando a cabeça, ela encostou-se na cadeira. — Foi você mesma quem fez isso, amiga. Fez com que você se tornasse indispensável. — E isso é ruim? — Kara pegou seu novo drinque e voltou sua atenção para a nova azeitona. — É, principalmente quando Cooper Lonergan vê você como um robô bem programado. — Gina tomou um gole de martíni de maçã e balançou o copo no ar. — Ele não vê você. Nunca vai ver. — Isso é cruel. — Mas verdadeiro. — Provavelmente. — Então — perguntou Gina —, o que você vai fa¬zer em relação a isso? Esperar até ficar velha e sozi¬nha e se perguntar o que aconteceu com a sua vida? Ou sair dessa agora enquanto ainda dá tempo? E essa, Kara pensou, colocando a mão no porta-malas, era uma pergunta de um milhão de dólares. Ela sabia que Gina estava certa. Droga, ela sabia a verdade há um ano. Não tinha futuro com Cooper. Pelo menos, nada além do que tinha com ele agora. E isso não era o suficiente. Não ...

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