Livro: A Força Da Paixão Página 4

... da chaminé, portanto é provável que esteja a apagar-se. Não haverá problema. - Não posso ir-me embora assim. - Claro que pode. Conheço John Turner. Telefonar-lhe-ei de manhã e explicar-lhe-ei a situação. Estará de volta aqui antes das dez. Será melhor do que partir algo. - Se o conhece, porque não telefona agora? Conseguia ver a silhueta da sua cabeça a mexer-se enquanto dizia: - Não pode ser. A noite de sexta-feira é a noite em que John sai com os seus amigos. E não gosta de ser incomodado. - Não posso ir para sua casa, senhor. - Black. Travis Black. Porque não pode vir para minha casa, menina.? - O meu nome é Beth Marton e não tenho por costume aceitar passar a noite em casa de completos desconhecidos. - Não somos desconhecidos. Acabámos de nos apresentar - replicou, preguiçoso e recuperando o tom divertido. - Além disso, posso garantir-te que não estou assim tão desesperado por companhia feminina para ter pensado em aproveitar-me do teu azar para te roubar e violar. É uma oferta sincera, dormirás sozinha, sobretudo 10 tendo em conta. o cheiro fora do comum que tens. Porco, pensou. Era muito difícil mostrar-se digna com um pijama cor-de-rosa e aquele cheiro. - Obrigada pela oferta, mas não posso. Por um lado, háHarvey. - Não estou a propor que o deixes aqui, é claro ele também virá naquele momento, virou-se em direcção ao carro. - Bom, depende de ti. - Onde vais? - sabia que o seu tom de voz era demasiado agudo, mas não conseguia evitá-lo. Ia deixá-la ali? Ninguém poderia ter aquele coração de gelo. - Para casa - disse, sem se virar. - É tarde e foi um dia longo. Tenho fome, estou cansado e está a começar a chover. Podes vir comigo ou ficar aqui, tu decides. Ela não se mexeu até ele se sentar no carro, mal podia acreditar que ele se ia embora. Quando ligou o motor, deu-se por vencida, sobretudo porque as gotas de chuva começavam a aumentar. Correu pelo jardim até à cancela com Harvey atrás e b ...

teu na janela do condutor. Ele abriu a janela. Daquela vez, iluminou-lhe a cara e conseguiu ver-lhe claramente o rosto. Era uma cara interessante. Não era exactamente bonito. A cara era demasiado dura para isso e a luz realçava uma cicatriz na face, mas tinha algo que faria com que qualquer mulher se virasse para olhar para ele uma segunda vez. O cabelo era preto como o ébano, mas não podia saber exactamente qual era a cor dos seus olhos com aquela luz. - Não posso ficar aqui fora toda a noite - murmurou. - Além disso, não acho que passe mais alguém. - Certamente - assentiu. - A minha casa é a única outra casa que há por aqui, a estrada acaba no meu jardim. 11 E ia-se embora, mesmo sabendo disso? - Onde ponho Harvey? - perguntou, seca. Em resposta, saiu do carro e abriu a porta de trás. Harvey entrou de um salto e deitou-se como se tivesse passado ali toda a sua vida. Beth olhou para o animal enquanto Travis fechava a porta. Depois, deu a volta ao veículo e abriu-lhe a porta do passageiro sem dizer nenhuma palavra. Beth meteu-se no carro. - Obrigada - agradeceu. - Não tens de quê - fechou a porta muito devagar. Uma vez dentro do carro, Beth percebeu como ele era grande e sentiu-se mais vulnerável. Também percebeu o cheiro realmente desagradável que emanava da sua roupa. - Espero não sujar o banco - replicou ela, enquanto o carro começava a mexer-se. Percebeu que era o mais alto da gama dos Mercedes familiares. Teve a certeza de que era a primeira vez que o seu bonito interior era submetido a semelhante abuso. - É couro, pode lavar-se se for necessário. Uma vez em minha casa, poderás tomar um duche e arranjarei algo limpo para vestires. Não será cor-de-rosa, penso eu - acrescentou, inexpressivo. - Não é a tua cor? - perguntou Beth, no mesmo tom. - Não condiz com os meus olhos - ele sorriu, sem olhar para ela. - Claro - ele estava a tentar facilitar a situação, além disso, disse para si, estava a oferecer-lhe um tect ...

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