Livro: A Força Da Paixão Página 3

... . - O que raios faz aqui fora assim vestida? "Estou numa festa", esteve prestes a dizer, mas pensou que seria melhor dar-se bem com aquele tipo. Afastando o sarcasmo da sua cabeça, disse: - A porta fechou-se enquanto vigiava o meu cão. Suponho que não terá nada no carro com que possa forçá-la. - enquanto falava dirigiu a lanterna para o rosto do tipo e viu-o fechar os olhos devido à luz. Desculpe - disse, mas o breve instante de luz fora suficiente para lhe mostrar que era jovem e tinha o cabelo escuro. - Está a pedir-me para tentar forçar uma porta? A diversão impôs-se no tom de voz e Beth teve de respirar fundo antes de dizer, com doçura: - Suponho que sim. Pode ajudar-me? - estava a tremer da cabeça aos pés e aquele palhaço achava a situação divertida. - Tem frio. Esperava que tivesse reparado por ela estar a tremer e não pelos mamilos que se adivinhavam sob a seda do pijama. Não podia fazer nada para o evitar, nem sequer cruzar os braços com uma mão na coleira de Harvey e a outra a segurar a lanterna. - Um pouco - confirmou, serena. - É por isso que gostaria de poder entrar o mais depressa possível. Desligou o motor e abriu a porta do condutor. Pouco depois, estendeu-lhe um casaco pesado que instantes antes estava no banco do passageiro. - Vista isto - replicou, enquanto olhava para Harvey, que começara a rosnar num tom grave. Beth não tentou parar o cão, de facto fez a anotação mental de lhe dar um punhado dos seus biscoitos favoritos assim que entrassem em casa. O homem era alto, muito alto, e os seus ombros largos e a sua musculatura intimidavam, segundo conseguia adivinhar com aquela luz. Não queria voltar a iluminar-lhe a cara, para o ver melhor, mas sentia-se incomodada com tão pouca roupa. O estranho inclinou-se e ficou à altura de Harvey. Num tom de voz relaxante e suave replicou: - Calma, rapaz. Ninguém vai magoar a tua dona estendeu uma mão ao cão para que a cheirasse. Houve uma breve pausa e, depois ...

o animal parou de rosnar e lambeu a mão do homem enquanto abanava a cauda. Beth perguntou-se se se teria mostrado tão contente se soubesse que acabara de perder os biscoitos. - Lindo cão! - o homem levantou-se e estendeu-lhe uma mão, dizendo. - Dê-me a lanterna enquanto veste o casaco. Beth achou que não vali a pena discutir. Se ia bater-lhe, poderia fazê-lo tanto com a lanterna como com qualquer outra coisa. Era evidente que Harvey não ia ser uma grande ajuda. O estranho passou ao lado dela e dirigiu-se para a porta da casa enquanto Beth vestia o casaco. Ficava enorme, mas naquele momento não se importava. Seguiu-o com Harvey ao seu lado e viu-o primeiro a tentar abrir a porta e, depois, a dar a volta ao redor da casa, revendo cada janela como ela fizera. Claro que ele não acabou sentado em cima dos excrementos de uma raposa ou de um texugo. Quando voltou a aparecer proveniente da parte traseira da casa, Beth replicou, irritada: - Já vi as janelas. Ele não respondeu, o que perguntou foi: - O que é este cheiro horrível? Águas residuais? - Escorreguei na parte de trás. Acho que um animal tinha estado lá. - Oh! - não se preocupava em disfarçar o tom divertido. Não tencionava ficar ali de pé ao frio a discutir sobre o cheiro. Também não fora exactamente um cavalheiro ao mencioná-lo. - Bom, consegue ajudar-me a entrar? - perguntou ela. - Estou a congelar aqui fora. Certamente, mas não vou tentar. Não faz sentido forçar a porta ou partir uma janela e provocar um dano considerável quando pode contactar com o agente de manhã. Isto é da Turner & Turner, não é? -Sim, mas. - Portanto, sugiro que venha para minha casa, durma bem esta noite e resolvamos isto de manhã. Não tem nada na cozinha nem no forno, pois não? Nada vai causar problemas. Estava louco? Não iria para casa dele. Num tom duro, respondeu: - Acendi a lareira. Não posso deixá-la acesa. - Já o fez - indicou ele. - Não tem protecção. - Mal sai fumo ...

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