Livro: A Feiticeira e o Cavaleiro Página 2

... om resultados desastrosos. — Ele nunca se machucou! Diz para elas, Jeremy, que você nunca se machucou. — Até agora, pelo menos. Mas tenha cuidado, minha amiguinha. Desta vez, prefiro flores, nada de espinhos. — Vou me lembrar disto. — Ela se virou e encarou as irmãs. — Vamos ver quem é que consegue invocar as rosas mais bonitas de todo este reino! — Ela levantou as mãos para o céu, se concentrou e começou a cantar as palavras mágicas. Apesar de tropeçar às vezes, numa palavra desconhecida, foi até o final e bradou triunfante: — Eu ordeno agora, que do seu canteiro florido, venha a mais bela florzinha! Uma nuvem negra apareceu sobre suas cabeças, seguida de um trovão forte. A mãe de Gwenellen, Nola, e a avó, Wilona, vieram correndo pela campina, com Bessie, a velha encarquilhada que também era parte da família. Todas olharam para cima para ver o que acontecia. A nuvem se abriu e despejou seu conteúdo sobre Jeremy. No lugar de flores, elas viram um pó branco cobri-lo da cabeça aos pés. Gwenellen ficou feito estátua enquanto as outras corriam para ajudar Jeremy. Allegra e Kylia caíram na risada. — Vocês estão achando graça? — O rosto do pequeno troll ficou tão escuro como a nuvem que agora tinha desaparecido. — Não estamos zombando de você, Jeremy. — Allegra encostou o dedo no pó e pôs na boca, antes de se jogar na grama, morrendo de rir. — É que, desta vez, Gwenellen quase acertou. — Quase acertei?—A menina estava à beira das lágrimas. — Como você pode dizer uma coisa destas? Eu queria pétalas de rosa. — Rosas, não. Florzinha — disse Kylia, em meio as risadas. — Você invocou "florzinha". E o que conseguiu foi farinha, grãos de farinha. As meninas continuaram rindo enquanto Jeremy examinava o estado lastimável da cartola e da casaca, cobertas de farinha. Gwenellen se sentou na grama, com o queixo apoiado nos punhos fechados, os olhos embaçados de lágrimas. Quando as irmãs se afa ...

taram, Wilona se sentou ao lado da neta, e Nola, com as mãos na cintura, ficou ao lado delas. — Outro "errinho", querida? A menina assentiu. — Estes feitiços são tão fáceis para vocês, vó! Por que para mim são tão difíceis? A velha abraçou a neta e beijou sua testa. — Você só precisa de tempo para descobrir seus dons, Gwenellen. — É, papai também disse isto. — Seu pai? — Wilona olhou surpresa para Nola. — Quando foi que ele falou com você? — Na noite passada. Eu não conseguia dormir por causa daquele errinho de ontem. Wilona lembrou de Jeremy, coitado, tentando se manter à tona dentro do poço, se esgoelando para ser socorrido depois da última tentativa de Gwenellen. — Tem certeza de que era seu pai, querida? Gwenellen assentiu. — Ele parecia tão alto e bonito, com sua capa escocesa e um belo punhal todo incrustado de gemas na cultura! Nola se ajoelhou e pegou no braço da filha. — De que cor eram as gemas? — perguntou ela, meio aflita. — Vermelho-escuro, da cor de sangue, mãe. Menos a do meio. Esta era verde, da cor dos olhos de Allegra. E um cacho de cabelo caía na testa dele, bem aqui. — A menina tocou a sobrancelha da avó. As duas mulheres ficaram paradas. Gwenellen descrevera o pai com perfeição, mesmo sem nunca tê-lo visto, já que ele morrera antes de seu nascimento. Ele era um mortal que desafiara seu clã para se casar com Nola, sabendo que ela possuía poderes que eles desprezavam. Mas eles eram verdadeiras almas gêmeas, e viveram felizes até ele morrer. — O que seu pai te disse, meu amor? Gwenellen sorriu. — Ele me disse que eu tinha um dom. Um dom muito especial que ninguém mais tinha no Reino Místico. Disse que não podia ser usado aqui, mas não podia dizer por quê. Mas ele me disse que quando eu deixasse nosso reino e fosse para o mundo dos mortais, seria de grande utilidade. — Ela estranhou o olhar da avó. — O que foi, vó? Alguma coisa errada? — Não, queri ...

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