Livro: A Eterna Rival - Katrina Britt Página 3

... a de caráter. Mas, para ela, a fraqueza de Blain por bebida e mulheres não passava de con-sequência de sua extrema juventude. Ela tinha certeza de que o caráter do irmão era bastante forte, apesar daquela superficialidade. Para sua grande surpresa e prazer, Blain a acompanhou em seu galope matinal. A raiva jamais durava muito nele: estava encantador como sempre. Naquela tarde, levou-a as corridas. O pai foi também impecável com seu chapéu alto e seu traje elegante. Seu charme à moda antiga, seu ar de dignidade simples, faziam dele uma figura atraente, e ela sentia muito orgulho dele. Tinha esperanças de que Blain superasse seus costumes dissolutos e decidisse imitar o pai. Imediatamente, sentiu-se culpada por julgá-lo. Ele estava cuidando tão bem dela, levando-a para almoçar e desdobrando-se para agradá-la. Ele teve sucesso em seus esforços, pois Patrícia parecia bastante feliz quando decidiram tomar o lanche da tarde sob as sombras das árvores. Estirado em sua cadeira, com o boné displicentemente jogado sobre os cabelos, sorriu para ela por cima do programa de corridas. — Você me deu sorte — disse. — Vou levá-la ao teatro esta noite, e em seguida iremos jantar. Recordando os inúmeros cheques que oferecera ao irmão para ajudá-lo em situações embaraçosas, perguntou ansiosamente: — Tem certeza que pode? — Não a convidaria, se não pudesse — acrescentando, com um largo sorriso — e também não vou pedir nenhum empréstimo. Patrícia olhou-o com seriedade e constatou pela milésima vez a per¬feição de seus traços: cabeça bem modelada, orelhas delicadas, perfil puro, testa atraente e uma deliciosa covinha no queixo. Os olhos eram de um azul mais brilhante que os dela e a boca, sensual. O espetáculo que viram à noite foi excelente e, como Blain havia prometido, foram jantar em seguida. Todos os olhares se voltavam para a figura delgada e feminina e para seu atraente acompanhante, à me¬dida que caminhavam por entre ...

as mesas do luxuoso restaurante que Blain havia escolhido. Estavam quase chegando à mesa quando alguém pousou a mão sobre o braço de Blain e inclinou-se para falar com ele. — Boa noite, Blain — disse Nora Staffordly —, gostou do espetáculo? Estávamos algumas fileiras atrás de vocês. Nora estava em companhia de dois homens e uma mulher. Vestia-se maravilhosamente e usava finas jóias. Uma mulher fatal, pensou Patrícia, que usava a beleza como bandeira, Blain conseguiu sair da situação com uma classe admirável, dizendo galantemente: — Gostamos imensamente. E vocês? Os encantadores olhos desviaram-se do sorriso infantil de Blain para Patrícia, que sorriu polidamente. — Também gostamos muito. Não querem juntar-se a nós? — Sinto muito. Prometi esse jantar a Patrícia. — Blain bateu os cal¬canhares e fez uma saudação. — Obrigado. Algum outro dia. Depois que Blain fez o pedido ao garçom, Patrícia olhou para ele com seus faiscantes olhos azuis. — Você se saiu muito bem. Compreendo por que se enamorou. Ela é mesmo encantadora. — E dança muito bem — murmurou timidamente Blain, ruborizado até as orelhas. Friamente, mas sem rancor, Patrícia perguntou: — O desempenho dela é perfeito? Blain ficou vermelho como um pimentão. — Ei, espere um pouco — protestou, e ela riu. — Estava apenas brincando. Você, às vezes, age como um menino, não sei se lhe dou umas palmadas ou um beijo — disse ela abanando a cabeça. — Mas gostaria que fosse mais discreto. O vinho chegou e ele estendeu-lhe um copo, gravemente. — Não concordo — respondeu ele tranquilamente. — Você não quer ser, não é, Blain? Você é como um avestruz que enfia a cabeça na areia. — A voz de Patrícia estava calma e triste. — Sempre senti tanto orgulho de papai, por ser um homem íntegro. A mão normalmente tão segura tremeu um pouco. — E eu não sou. É isso que você está querendo dizer? Ele ergueu a cabeça e seus olho ...

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