Livro: A Estação do Amor Página 2

... charmoso demais, sofisticado demais, mundano demais para merecer confiança. A riqueza dele não a impressionava. Os po¬ços de petróleo e os rebanhos de gado que a família Starr possuía em Kansas eram o bastante para que ela não perdesse a cabeça com os presentes caros que recebia de Trevor. Jonni vivia em um apartamento espaçoso e bem-decorado desde que chegara a Nova York, seis anos antes. A princípio, o aluguel era pago pelo pai, até que ela pôde tirar do seu trabalho como modelo o suficiente para manter-se. Dividia o apartamento com uma colega de trabalho, mais para ter uma companhia do que por razões econômicas. Na verdade, Trevor não podia oferecer-lhe nada de material que ela já não tivesse ou pudesse conseguir por conta própria. A posição que ele ocupava no meio teatral e social de Manhattan também não a impressionava. Quando se conheceram, Jonni já era uma modelo famosa e muito bem-remunerada. Não precisava do dinheiro nem da influência de Trevor para destacar-se profissionalmente. Por isso, as primeiras investidas dele não surtiram efeito. Procurou mantê-lo à distância até ter certeza de que estava bem-intencionado. Agora, Jonni alegrava-se ao constatar que a relação deles era resul¬tado muito mais de uma decisão bem pensada do que de um simples impulso. Trazendo a revista, Trevor aproximou-se e abraçou-a pela cintura. — Que tal irmos pegar a bagagem e procurar aquela companhia de táxi aéreo? — sugeriu ele. — Ou você prefere descansar um pouco antes e tomar um café? — Para mim, nada de café — disse Jonni, olhando o enorme re¬lógio de parede do aeroporto de Kansas City. — Ainda temos que atravessar o Estado inteiro e não quero correr o risco de chegar à noite. A pista do rancho não está equipada para pousos noturnos. Eles haviam chegado há pouco de Nova York. Ali mesmo freta¬riam um táxi aéreo que os levaria ao Rancho Starr, propriedade da família de Jonni. — Temos bastante tempo — as ...

egurou Trevor. Assim mesmo, conduziu-a pelo corredor em direção à esteira rolante por onde deve¬ria vir a bagagem. Quando passavam em frente a um telefone público, ele parou e repetiu uma pergunta que já havia feito antes: — Tem certeza de que não quer avisar a seus pais da nossa chegada? — Tenho — disse Jonni, com firmeza. — Quero fazer uma sur¬presa. — Não sei. Acho que deveríamos avisá-los. Com certeza eles terão que se preparar para a nossa chegada. Jonni riu daquela observação. — O que você não percebe, Trevor, é que as coisas são um pouco diferentes nesta região do país. A minha mãe não precisa “preparar-se” para receber alguém. Ela está sempre preparada. Além disso, não estou querendo nenhum comitê de recepção. Quero apenas chegar em casa, sem fanfarras ou coisas assim. — Quanto a você, tudo bem. Afinal, é filha deles. Mas, e quanto a mim? Que impressão não vão ter do futuro genro? Ela não escondeu o que pensava a respeito. — Na verdade, não quero que eles saibam que estou levando o meu noivo para apresentar à família. Nesse primeiro encontro, é me¬lhor que minha mãe e meu pai não tenham qualquer idéia preconce¬bida a seu respeito. Trevor sorriu e retomou o caminho. — Você está querendo dizer que eles não terão nenhum tipo de predisposição contra o homem que vai roubar-lhes a filha? — Mais ou menos — concordou Jonni. — Tenho certeza de que, quando conhecerem você, eles vão adorá-lo. Além disso, estão ansio¬sos por ter netos. — Espero que não estejam tão ansiosos assim — observou ele. Ante o olhar zombeteiro de Jonni, ele explicou: — Pelo menos durante algum tempo, gostaria de ter você só para mim. — Pelo que eu me lembro da minha infância no campo — obser¬vou ela, ainda com o brilho zombeteiro nos olhos —, essas coisas demoram um pouco para acontecer. Jonni olhou o anel de noivado que trazia no dedo, onde cintilava um enorme diamante. — Pref ...

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