Livro: A esposa comprada Página 3

... o que tia Minnie chamaria de "palpitações", cada vez que penso em nossa chegada ao porto de Seattle, amanhã. Mas tenho certeza de que esta será a aventura que eu venho esperando há tanto tempo. Sinto saudades de todos. Beije as crianças por mim. Sua irmã que a ama, Emily. P.S.: Esqueci de trazer meus sapatos de chuva. Tente usá-los com jornal. Se não servirem por você ser tão miúda, leve-os até o moinho e veja se algumas das garotas podem aproveitá-los. " — Veja os cabelos daquela mulher parada no ancoradouro, Emily! Já viu algo parecido? — Não, Emily jamais vira algo assim em Lowell. Mesmo porque, uma mulher como aquela seria sumariamente expulsa de Massachusetts. Mas, agora, estavam no oeste e tudo seria diferente. Em vez de responder a pergunta de Ida Mae, Emily inclinou-se sobre a amurada do navio. — Emily, não faça isso! — a amiga implorou. — Sabe que me sinto mal só de olhar! Emily afastou-se da amurada e sorriu entusiasmada. — Estamos mesmo aqui, Ida Mae! Finalmente, chegamos ao território de Washington! Ida Mae lançou um olhar de dúvida para os edifícios desalinhados ao longo do cais. Como tudo mais na movimentada cidade portuária da fronteira, haviam sido construídos com vistas à urgência e praticidade, em vez de atender às exigências estéticas. A cidade parecia tão distante das ruas ordenadas e jardins bem cuidados de Lowell, quanto a Lua da Terra. — Sim, estamos aqui, Emily. para o que der e vier — Ida Mae declarou em tom solene. Recusando-se a deixar-se desanimar pelas dúvidas da amiga, Emily colocou-se na ponta dos pés e observou a cidade com olhos verdes brilhantes. Então, seu olhar voltou a pousar na mulher de cabelos vermelhos e em seu acompanhante, um homem bem-vestido, de ombros largos que a distância, parecia um tanto atraente. — Foi para isso que viemos, Ida Mae — falou, apontando para o casal. — Se todos os homens de Washington forem bonitos como aquele, não teremos dificuldade ...

em encontrar o marido certo. E, enquanto isso estaremos vivendo a maior aventura de nossas vidas. — E a aventura vai começar no momento em que os homens de Seattle, que você está tão ansiosa para conhecer, descobrirem que somos apenas quarenta e seis, em vez das quinhentas que lhes foram prometidas — Ida Mae resmungou. Retirou um lencinho da manga e levou o ao nariz. Ida Mae vinha sofrendo de coriza constante, desde que haviam deixado o Panamá. Não se sabia se apanhara alguma alergia no navio, ou durante a longa caminhada pelo istmo. Emily esperava que o ar saudável de Washington, impregnado pelo aroma de pinheiros, restaurasse a perfeita saúde, bem como o bom humor de sua amiga. — Venha, Ida Mae. Vamos ver se já podemos desembarcar. Uma prancha fora colocada no navio, ligando-o ao porto. Em torno de sua extremidade, reunia-se um número crescente de homens, que se acotovelavam em busca de melhor posição e gracejavam para as mulheres a bordo. — E como atirar cristãos aos leões — Ida Mae murmurou em tom de lamentação, embora se deixasse levar pela companheira. — Você tinha razão, Austin — Flo declarou com alegria. — Disse que Mercer não conseguiria cumprir a promessa e acertou. — Com olhos treinados, examinou as jovens agrupadas na amurada do SS Continental. — Não há mais de cinquenta delas. E, também, não são as beldades que ele mencionou. Algumas não serviriam para atender no balcão das lojas de Johnny Faraday. Austin estranhou o comentário cáustico de Flo. Não era do feitio dela. No Dama de Ouro, ela era como uma mãe para as moças que davam duro servindo drinques, danças e seus corpos aos homens sedentos de mulheres do território. Bem, as mulheres a bordo do navio deviam ser diferentes e ele desconfiou que ali estava o grande problema. Flo e suas garotas eram as beldades da cidade, quando não haviam outras mulheres num raio de centenas quilômetros. Mas, o que aconteceria, quando aquelas moças de cl ...

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