Livro: A Espada do Poder Página 2
Autor - Fonte: Ruth Ryan Langan
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r para o jovem com tal intensidade que os seus olhos verdes pareciam arder num fogo interior.
A imagem era desconcertante. Aquela menina, como uma criatura selvagem, com o cabelo a cair aos canudos avermelhados até abaixo da cintura, não prestava atenção aos gritos que a multidão começou a proferir quando ela começou a falar com o rapaz numa língua antiga que até os mais velhos tinham esquecido.
Quando parou de falar, a menina inclinou-se sobre o jovem e comprimiu a sua boca contra a dele. De imediato, o corpo do rapaz começou a tremer.
— Que brincadeira vem a ser esta? — gritou alguém. — Levem essa menina para poupar tanto sofrimento à mãe.
No entanto, antes que a multidão pudesse reagir, o rapaz convulsionou-se violentamente e abriu os olhos.
— Oh, Jamie! — exclamou a mãe, agarrando-o nos braços e apertando-o contra o seu peito. — Bendito seja Deus! É o meu Jamie. O meu Jamie voltou de entre os mortos!
Os curiosos estavam a começar a aproximar-se quando Nola abriu caminho entre eles e agarrou a filha pelo braço.
— Vai imediatamente para a carruagem, menina! — disse-lhe, sacudindo-a com brusquidão. Parecia muito nervosa. — Despacha-te, filha.
Allegra levantou os olhos e viu que a avó já estava a pôr as suas irmãs na carruagem, onde as cobriu rapidamente com peles. Enquanto a mãe e ela entravam para a carruagem, Wilona incitou o pónei com as rédeas e o animal começou a correr a toda a velocidade.
Allegra olhou para a mãe e para a avó e viu expressões idênticas de terror nos rostos das duas mulheres.
— Fiz alguma coisa de mal?
— Não, filha, mas havia muita gente a ver. Tu sabes que não és como as outras meninas.
— Peço desculpa — disse ela, cabisbaixa, mas a mãe de Jamie estava a chorar e, na minha cabeça, ouvia-o também a ele a chorar. Queria voltar para ao pé da mãe. Foi isso que me disse.
Nola pegou na filha ao colo e apertou-a com força.
— Não fizeste nada de mal, Allegra, mas h
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pessoas que não percebem os teus dons.
— Porquê?
— Porque se esqueceram das tradições de antigamente. Porque afastaram os poderes curativos que guardam no seu coração.
— Pois eu fico contente por nós não o termos feito — replicou a menina muito solenemente. Então, fechou os olhos e encostou-se à mãe, cedendo assim à fraqueza que se apoderou dela.
Nola suspirou e olhou por cima da cabeça da filha para observar o olhar sombrio da mãe.
— Espero que nunca tenhas razões para o lamentares, Allegra.
A lua da meia-noite estava escurecida por nuvens pesadas que formavam redemoinhos num céu tempestuoso. Um cavaleiro solitário fazia ressoar os cascos da cavalgadura sobre os paralelepípedos do pátio. Ao ouvi-lo aproximar-se, os cães começaram a lançar-se contra a porta. Wilona levantou-se da cama e mandou calar os cães. Antes de abrir o ferrolho, olhou através de uma fresta da porta para observar a escuridão da noite. O cabelo solto, alternado de cinzento, emoldurava um rosto endurecido pela preocupação. Quando reconheceu o homem, um primo afastado, abriu a porta de par em par e afastou-se para um lado.
— Que te traz por aqui a estas horas, Duncan?
— Ouvi as pessoas a mexericarem na taberna, Wilona — respondeu o homem, com desconforto, sem conseguir olhar para a anciã nos olhos.
Observou o troll, que estava a dormir ao lado do fogo. Dizia-se que tinha vivido debaixo de uma ponte até ser resgatado por aquelas mulheres bondosas. Ouviu passos na escada e viu Bessie, a velha que todo o povo acreditava ser vidente. Ela também tinha sido uma marginal até ter encontrado refúgio naquela casa.
— Arriscas-te demasiado ao permitir que essas raparigas mostrem os seus dons a toda a gente.
— Allegra teve sempre um bom coração. Não conseguimos detê-la. Terias preferido que deixasse morrer o rapaz, Duncan?
— Não pretendo perceber como tu e os teus possuem tais dons — replicou o homem, — nem a opinião que me merecem ...
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Comentários:
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Aidil Ribeiro de Oliveira : Maravilhoso.
Mary Santos : Muito bom gostei .
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