Livro: A Escolhida - Ana Seymour Página 3

... garota iluminou-se diante da sugestão, mas ela ainda parecia em dúvida. — Molly vai ficar furiosa — falou devagar, voltando a olhar para Susannah. — Ora, ela não é nossa mãe, embora tente agir como tal. — As senhoritas são irmãs? — Parker perguntou. Susannah assentiu e estendeu a mão enluvada. — Susannah e Mary Beth Hanks. Molly é nossa irmã mais velha. Ela está comprando suprimentos, no momento. Parker aceitou a mão estendida e, por um momento, esqueceu-se do tópico sobre o qual conversavam, pois se perdeu nas profundezas azuis daqueles olhos. — É um prazer conhecê-la, srta. Hanks — murmurou, afinal. Ora, fazia tanto tempo que ele não se via diante de mulheres decentes, que já não sabia mais o que dizer. Onde fora parar o nova-iorquino irresistível, que fizera as mulheres de Deadwood suspirar? Bem, a verdade era que as mulheres de Deadwood não eram exatamente decentes. Soltou a mão de Susannah e virou-se para Mary Beth. — Muito prazer, srta. Hanks — cumprimentou-a. — Mal posso acreditar em minha sorte, por conhecer dois adoráveis exemplos da aristocracia de Wyoming. Rindo, Mary Beth estendeu-lhe a mão. — Esta é a primeira vez que as irmãs Hanks são chamadas de aristocracia — comentou, divertida. Parker levou a mão delicada aos lábios. — Não é difícil reconhecer. — começou a falar , mas calou-se ao sentir o cano gelado de uma arma, contra a nuca. — Tire as mãos e os olhos de minhas irmãs, ou estourarei os seus miolos. A voz atrás de Parker não possuía a melodia, ou a graça, das outras irmãs. Com movimentos lentos e cuidadosos, ele ergueu as mãos e declarou: — Garanto-lhe, srta. Hanks, que não tenho a menor intenção de desrespeitar suas irmãs, ou a senhorita. Então, virou-se e tentou disfarçar o choque. A mulher que o encarava não se parecia em nada com outras duas. Em postura tipicamente masculina, mantinha os pés afastados e empunhava uma espingarda e ...

petacular com facilidade. Bem, ao menos, a arma já não estava apontada para ele. Ela vestia calça de brim, alguns números maior que seu manequim, e uma jaqueta de couro, igualmente enorme. Os cabelos encontravam-se presos sob um chapéu de feltro, também masculino, mas as mechas que escapavam da aba eram castanhas. Ao contrário da pele sedosa e naturalmente corada das irmãs, as faces de Molly apresentavam-se ásperas em conseqüência da exposição ao frio. — Pode seguir o seu caminho — ela disse. — Não estamos interessadas na companhia de andarilhos vagabundos. Parker tratou de conter a irritação que o invadiu. — Minha irmã já me chamou de coisas piores, algumas vezes, srta. Hanks, mas nunca colocou sentimento em tais palavras. Ela tem um temperamento terrível, quando se zanga. Acho que foi justamente por sentir saudade de casa e de minha família que ousei me dirigir às suas irmãs. A expressão de Molly manteve-se impassível. — Há um telégrafo no final da rua. Por que não envia um telegrama à sua irmã e deixa as minhas em paz? Parker virou-se para Susannah e Mary Beth, que tinham os olhos fixos no chão. — Não tive a intenção de ofendê-las, senhoritas — disse. Por um breve instante, Susannah ergueu os olhos em um pedido mudo de desculpas. Então, voltou a baixá-los depressa. — Creio que devo aceitar o seu conselho, srta. Hanks — ele concluiu, voltando a se dirigir à mais velha. Recolocando o chapéu, Parker atravessou a rua na direção de Diamond. O prazer do encontro inesperado com as duas belas irmãs havia se dissipado, e uma onda de saudade de casa o invadiu. Talvez não fosse má idéia enviar um telegrama a Amélia, contando-lhe onde estava. A irmã, junto de seu marido, Gabe Hatch, já estavam em Nova York e, com certeza, Gabe havia assumido o cargo que Parker tanto odiava, no banco da família. Parker sorriu ao imaginar seu ex-sócio na mina, dirigindo todo o seu charme para as amigas mo ...

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