Livro: A Escolhida - Ana Seymour Página 2

... a se perdido, tendo vagado como um idiota durante dias. Definitivamente, concluiu, jamais seria um homem das montanhas. Nas ruas movimentadas de Manhattan, nunca tivera a necessidade de aprender a se guiar pelas estrelas. E, agora, Diamond machucara uma das patas, o que forçava Parker a abandonar a idéia de chegar à costa antes do inverno. Porém, ele não pretendia passar semanas em Canyon City. Certamente, havia algum lugar no território de Wyoming, onde um homem poderia encontrar alguns prazeres da vida. Um filé suculento e uma garota bonita seriam um bom começo. Quando passava pelo terceiro saloon, ocorreu-lhe tentar chegar a Cheyenne e passar o inverno lá, pois a capital ofereceria. Parker imobilizou-se e arregalou os olhos. Como se houvessem sido conjuradas por seus pensamentos, do outro lado da rua encontravam-se as duas jovens mais bonitas que ele vira, desde seu último passeio pela Park Avenue. Diamond relinchou em protesto, quando seu dono puxou-lhe as rédeas. Parker hesitou. A égua precisava de cuidados, mas se ele fosse até a cocheira e voltasse, as duas beldades poderiam desaparecer. Assim, amarrou o animal diante do saloon e tentou livrar as roupas de parte da poeira. Bem, não haveria como melhorar a aparência, agora. Por outro lado, se as moças possuíssem algum bom senso, seriam capazes de enxergar além da sujeira e reconhecer as excelentes qualidades do homem por trás dela. Atravessou a rua, plantou-se diante das jovens e tirou o chapéu. — Bom dia, senhoritas — cumprimentou-as com uma leve reverência. Os vestidos que usavam eram limpos, elegantes e discretos, apropriados para a missa de domingo. Era evidente que as duas não eram do tipo de mulher que se vendia em quartos de fundos dos saloons. O que não era bom. Parker não estava interessado em mulheres decentes, no momento. Ainda assim, seria um prazer voltar a ouvir uma voz feminina. — Perdoem-me a liberdade de me dirigir às duas, sem me apresentar — d ...

clarou, exibindo seu melhor sorriso, que nunca antes falhara, ao mesmo tempo em que se esforçava para não se mostrar tão fascinado pelos dois pares de olhos azuis, circundados por espessos cílios dourados. — Meu nome é Parker Prescott — continuou. — Sou novo na cidade e gostaria de saber se as senhoritas poderiam me fornecer algumas informações. Teve o cuidado de utilizar o discurso formal de Nova York, agindo como se estivesse usando uma elegante casaca, na ópera, e não uma calça de couro, em um fim de mundo como aquele. Seus esforços pareceram surtir efeito, pois a mais alta das duas ofereceu-lhe um sorriso tímido e perguntou: — Que tipo de informação, senhor? Desta vez, o sorriso de Parker foi genuíno, pois o da jovem era o mais adorável que ele jamais vira. E, também, a voz dela se destacaria em meio a um coral de anjos. — Meu cavalo sofreu um acidente e eu preciso encontrar um bom hotel e uma boa refeição, com certa urgência. — Há apenas um lugar para as duas coisas — ela respondeu, apontando para um edifício de madeira amarela. A placa dizia: "Grand Hotel". O sorriso de Parker perdeu parte do brilho, mas ele se recuperou depressa. — Talvez as senhoritas pudessem me acompanhar na refeição. Fiz uma viagem longa e solitária e apreciaria ter um pouco de companhia. As duas trocaram olhares. Só podiam ser irmãs, pois suas feições eram quase idênticas. A mais baixa falou pela primeira vez: — Nem pense nisso, Susannah. Não sabemos nada sobre esse homem. Susannah sacudiu a cabeça, agitando os cachos loiros sob o chapéu de seda. — Se temos de passar a tarde inteira esperando por Molly, por que não tomar uma boa xícara de chá, para passar o tempo? — Ela tem razão — Parker concordou, dirigindo-se à outra. — Não deveriam ficar paradas na rua, à espera de sua companheira. Será muito mais confortável aguardarem sentadas, saboreando um pedaço de torta de maçã. O semblante da ...

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