Livro: A Escolha de uma Mulher Página 3

... de alguns instantes de consideração, ele sorriu, com uma expressão de vitória. — Salve-o, lady Sara, e será seu marido, quer ele queira ou não. Dou-lhe minha palavra! — Está feito! Agora, rogo que desfrute de minha humilde hospitalidade, senhor, e que fique para o casamento. — Lamento, mas não posso, pois devo estar em York daqui a três dias para uma reunião. Richard dificilmente irá se recobrar até o momento de minha partida. — Então, antes que parta, podemos nos casar esta noite? — ela perguntou, esperançosa. — Como? O homem está inconsciente — argumentou o rei. — O casamento não será legal se ele não puder pronunciar os votos. — Não se preocupe, podemos conseguir que tenha forças para dizer sim quando perguntado. Podemos usar seu sacerdote, senhor? O meu morreu há dois meses e ainda não pude arranjar outro para o lugar. Embora o rei ainda parecesse em dúvida quando à sabedoria em apressar o casamento, deu de ombros e concordou. Devia fazer idéia de como seu cavaleiro iria reagir a isso, mas, obviamente, também havia decidido que a união iria servir às necessidades da Inglaterra, uma vez que colocava um protetor confiável naquele norte distante. Apenas quando ele deixou o quarto do doente para descer e beber com seus homens, Sara abandonou seu largo sorriso e soltou um profundo suspiro de alívio. Não poderia ter imaginado um plano melhor. Eis que a solução para seus problemas caíra diretamente a seus pés, ou melhor, sobre sua propriedade, o que parecia um excelente presságio. Durante os últimos meses, Sara havia temido uma outra confrontação com aquele cão de caça perigoso, lorde Aelwyn. Somente o casamento iria eliminar essa ameaça, com certeza. Também havia a ameaça dos escoceses, é claro. Sempre os escoceses. Haviam assassinado seu pai e desde aquela estúpida façanha, estavam sempre rondando Fernstowe, roubando seu gado e matando seus habitantes nas colônias remotas. Outros estados ao ...

ongo da fronteira sofriam também com os ataques. Sara suspeitava de que a ameaça do norte havia pesado na decisão do rei em casá-la com sir Richard. Não havia feito isso para agradá-la, não importa quanto insistisse em uma recompensa. Alguém precisava tomar o problema nas mãos ali, naquela região. O rei Edward precisava manter a segurança em suas terras, tanto quanto Sara e os outros proprietários. Sara não desejava passar metade de seu tempo no sul da Inglaterra tentando evitar que suas terras fossem invadidas. Somente Deus sabia o que poderia acontecer a Fernstowe em sua ausência. O rei seria bastante beneficiado colocando ali um cavaleiro leal e honrado. Ela apenas chamara sua atenção para isso, ao pedir o favor. Relanceou os olhos para o cavaleiro ferido, ali jazia sua esperança. Se pelo menos pudesse mantê-lo vivo, ele serviria para as suas necessidades muito bem. O rei Edward, conhecido por sua honestidade e valores morais, nunca faria tais elogios a um homem sem méritos. Sara tinha certeza de que poderia salvar sir Richard. Provavelmente, ele iria odiá-la, por ter tramado o casamento enquanto jazia indefeso e nada pudera dizer. Mas, seu senso de honra iria ligá-lo a ela, independentemente de seus sentimentos pessoais. Ele seria obrigado a defender Fernstowe contra todos os inimigos, especialmente os ferozes escoceses que atacavam cada vez com maior freqüência e poria fim a presunção de lorde Aelwyn de tomar pela força aquilo que não era dele por direito. O acordo era excelente, e o rei parecera concordar. Quanto a sir Richard… teria que ser complacente. Sara limpou distraidamente as mãos no horrível avental marrom que usava sobre o vestido. Fez um trejeito de desgosto ao ver as manchas que havia nele, o sangue do cavaleiro, a sujeira em torno da barra de quando se ajoelhara ao lado da maca trazendo o ferido, fora dos muros do castelo. Deveria se trocar antes da cerimônia. Mas, que importância tinha isso? O rei já a vi ...

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