Livro: A dama e o escorpião Página 3
Autor - Fonte: Samantha Saxon
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eflexo das chamas dançava formando figuras nas velhas vigas do teto na sala de banhos da decadente pensão.
Mergulhou por inteiro, submergindo também o rosto até ficar sem ar. Se fosse mais corajosa, pensou, se afogaria de uma vez e tudo teria acabado. Nunca mais precisaria matar alguém e estaria por fim em paz. Designariam outra pessoa para levar a cabo os assassinatos.
Tossiu com força inclinando a cabeça por cima da borda da velha banheira e retomou o fôlego. Ela já era um ser condenado, lembrou. Por isso era melhor não abandonar a missão e ter um último gesto de benevolência, evitando que mais alguém preci¬sasse passar pelo inferno que ela vivia.
Saiu da banheira, se enrolou numa toalha branca e atravessou o corredor até o pequeno quarto. Ali era sua morada há dois meses. Sentou na beirada do colchão gasto e olhou para a carta que estava na mesinha ao lado. Ela havia sido entregue há três dias por André Tuchelle, o inglês que era o contato secreto de Nicole em Paris.
O envelope, com o lacre, ainda estava intacto. Não tivera co¬ragem de abri-lo para saber o nome do próximo homem que devia matar. Pelo menos enquanto não tivesse cumprido sua tarefa an¬terior, não pretendia saber qual a próxima vitima a ser eliminada. Mas agora, o general Capette já estava morto e em breve o homem citado naquele bilhete também estaria.
Ambos pelas mãos de Nicole.
Colocou o dedo sob o lacre, abrindo parcialmente o envelope. Respirou fundo, reuniu forças e acabou de abrir a carta, onde a firme caligrafia de André indicava o nome e o lugar do próximo assassinato. Com o coração aos pulos, leu a mensagem.
— Não pode ser!
Seu espanto era imenso. Ainda chocada, apressou-se em es¬conder a missiva, deixando cair ao chão a toalha de banho que cobria seu corpo. Mesmo nua, enfiou-se entre os lençóis da cama e olhou o céu pela janela, pedindo a Deus que lhe permitisse ter ao menos essa noite de repouso. Sabia, porém que os perversos nunca têm
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chance de descansar e que os condenados, como ela, nunca conseguem dormir:
Paris, Ministério da Defesa, 17 de outubro de 1811
O ministro da defesa estava sentado diante da sua enorme es¬crivaninha e de costas para a parede, como sempre. Ficar de frente para a única porta de entrada do luxuoso gabinete permitia-lhe encarar quem entrasse sem jamais ser pego de surpresa. Talvez fosse uma cautela exagerada, mas o ministro Joseph LeCoeur sabia, desde o inicio de sua carreira, que um homem descuidado era um homem morto. E certamente ele não era um homem descuidado. Sobre a escrivaninha estava um papel branco, dobrado e fe¬chado com o inconfundível lacre preto de cera que o ministro conhecia muito bem. Há muito tempo não recebia um comunicado como esse. Há três anos, para ser preciso. Quando o abriu e leu, fechou o semblante.
— Merde, maldição! — murmurou, irritado. — Rousseau, ve¬nha cá!
Seu jovem e bem apessoado assistente militar se aproximou, pronto para servi-lo.
— Tenho que lhe dar uma tarefa. Um de nossos agentes foi capturado.
O major Rousseau ficou ali parado, aguardando instruções, en¬quanto Joseph continuava falando, soltando impropérios e lamen¬tando a captura do informante que, mediante pagamento, havia conseguido identificar para ele os agentes ingleses que atuavam como espiões por toda a França.
— Lorde Cunningham, nosso colaborador, foi apanhado e está, detido no Ministério de Relações Exteriores, em Londres.
Sem sequer piscar, o major perguntou:
— Quando devo partir?
Aceitava sem vacilar a ordem de liquidar o informante inglês. Ele próprio havia treinado Cunningham quando este traíra seu país natal, passando para o lado dos franceses. Agora era a vez de acabar com ele, evitando que desse com a língua nos dentes.
— Vá para Londres esta noite mesmo — ordenou o ministro LeCoeur, retirando de uma gaveta uma pilha de libras e entregan¬do-a ao major. — Já sabe onde procurar ajuda por lá. Mas lembr ...
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Vivi: Maravilhoso... Sem palavras....
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