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A dama e o escorpião

Livro: A dama e o escorpião Página 2

Autor - Fonte: Samantha Saxon

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... ram dois lances, até o terceiro andar quando, ao virar uma curva da escada, encontraram um mordomo que vinha carregando uma ban¬deja. O tenente continuou a descida rapidamente, deixando Nicole para trás. — Preciso correr se quiser achar o assassino do general. Ela sabia, porém, que o tenente jamais encontraria esse assas¬sino. O general Capette era tão odiado pelos próprios franceses que Napoleão designara guarda-costas especiais para protegê-lo. Capette era valorizado por ter comandado muitas batalhas vito¬riosas. Mas era voz corrente que ele agia de forma bárbara para alcançar essas vitórias e por isso tinha muitos inimigos. Também se dizia que ele havia violentado uma camareira do hotel e Nicole desconfiava que essa era a razão pela qual ela própria conseguira o emprego, oito dias atrás. Para substituir a pobre moça. — Mataram o general Capette? — perguntou o mordomo ao ver o avental manchado de sangue de Nicole. — Foi sim. Um homem desceu do telhado e entrou pela va¬randa. — E você? Machucou-se? — Não — respondeu, sabendo que, mesmo sem ter sido ferida, depois dessa experiência nunca mais seria a mesma pessoa. O mordomo se ofereceu para acompanhá-la até a cozinha, mas ela não aceitou. — Estou bem, não se preocupe. Não deixe seu jantar esfriar. Antes que ele insistisse, Nicole desapareceu pela escada até chegar ao andar onde se sentiam os aromas e os sons vindos da cozinha. Cuidadosamente empurrou as portas de vai e vem e entrou. O barulho de panelas e de conversas em voz alta invadia o ambiente. Havia frutas e verduras coloridas empilhadas em um canto e as cozinheiras trabalhavam animadamente. Procurou pas¬sar por elas sem chamar a atenção para não as atrapalhar naquela que era a hora mais atarefada do dia. Daqui a pouco, todos iam ficar sabendo da morte do general. Não precisava contar-lhes agora. Nicole estava ansiosa para sair logo do hotel porque sentia vontade de chorar e não pretendia fazê-lo ...
a frente de todas aque¬las pessoas. Achou a porta de serviço e, ao sair, respirou aliviada a brisa de outono. Caminhou lentamente pela rua de pedras que circundava o ele¬gante hotel e seguiu na direção do rio Sena como fazia todas as noites. Quando chegou às margens do rio, tirou o avental man¬chado de sangue e a touca da cabeça, jogando ambos nas águas caudalosas. Ficou ali observando até que as peças fossem levadas pela correnteza e afundassem mais adiante, engolidas pelo rede¬moinho que se formava sob a ponte. Só então rumou para sua casa. No caminho colocou a mão no bolso do uniforme preto que usava, retirou a pistola de cabo pra¬teado e calmamente tratou de recarregá-la. É que as ruas de Paris podiam ser bem perigosas à noite. Nicole despiu o uniforme de arrumadeira e jogou as roupas nas chamas da fornalha que aquecia a água da sala de banhos da pensão onde morava. O fogo se atiçou, formando pequenas rufa¬das de fumaça que se dissolviam sobre o vapor da água quente da banheira. Quando acabaram de queimar, ela entrou devagar na pequena banheira de cobre, absorvendo lentamente o intenso calor e começou a esfregar o corpo com um pedaço áspero de pano. Procurava evitar os arranhões vermelhos que riscavam a pele de¬licada das costas. Também o corte mais profundo que tinha no antebraço, causado pelo pedaço de metal que havia se desprendido do telhado junto com a corda à qual ela amarrara a pistola, antes de consumar o ato atroz que havia cometido. Engoliu o sentimento de culpa e continuou a se lavar por muito tempo. Com lágrimas nos olhos, repetia para si mesma que aquilo que fazia, era algo necessário, que aqueles homens continuariam cometendo violências contra inocentes se alguém não os detives¬se. E quem melhor para fazê-lo, do que alguém tão maldoso e torpe quanto aqueles que ela havia matado? Afundou mais na água, procurando se acalmar, até que os lon¬gos cabelos negros flutuassem espalhados na superfície. O r ...

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Comentários:
Vivi: Maravilhoso... Sem palavras....
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