Livro: A Concubina Página 3

... e como quando eram crianças! Sempre que Yi Zhen se sentia ameaçado, usava sua condição de príncipe real. Inventaria algum crime e faria os eunucos castiga¬rem Bo Tao. Fora assim que aprendera a arte delicada de lavar panelas na cozinha e limpar penicos. Agora, Bo Tao fora encarregado de cuidar de dezenas de virgens competitivas, traiçoeiras e faladeiras! Exatamente quando a delegação alemã chegaria! Olhou a moça que poderia se tornar uma de suas tardas. Restou avaliar suas perspectivas e compreender o que o tornava especial. Precisava ter alguma coisa para ser digna de uma liteira imperial, mesmo uma liteira velha. Nada. Não havia nada para atrair o imperador, nem dinheiro bastante em toda a rua para pagar os subornos necessários para passar pelo campo minado que era a corte imperial. A menina estava destinada ao fracasso. E, no entanto, ali estava ela em seu vestido ricamente borda¬do, ajoelhada diante dos pais enquanto as mulheres contratadas choravam. A presença dele na liteira, porém, a impediria de en¬trar na competição — sua energia yang masculina envenenara a liteira virginal. Teria de arranjar outra forma de entrar na Cida¬de Proibida. Mas não havia tempo. Mesmo se a família tivesse dinheiro para outra carruagem, atrasos não eram permitidos às consortes imperiais. Felizmente não havia atrapalhado alguém com chances, e a moça não se submeteria à longa e humilhante caminhada de volta. Deitou-se de novo nas almofadas. Poderia dormir mais uma hora antes de começarem seus malditos deveres no Festival da Fertilidade. Chen Ji Yue tentou respirar. A excitação fazia seu sangue ferver, estava tonta com o barulho. Como era abençoada por estar na idade certa para o Festival da Fertilidade! Apenas poucas cen¬tenas de moças a cada duas ou três décadas tinham uma opor¬tunidade dessas! — Mamãe, deixe-me ir, não posso me atrasar. — Não ainda, coraçãozinho. Mostre respeito por seu pai. Já fizera a mesura ao pai. pela ...

anhã, com sentimento real, e agora, para exibição. — Mamãe, acredite em mim, posso fazer isso. A mãe não a ouvia, estava ocupada gritando de novo sem soltar as mãos de Ji Yue. — Mamãe. — Você não conquistará o imperador com a beleza, Ji Yue. Precisa ser esperta. Precisa saber o que as outras não sabem e aproveitar. — Eu sei. Já me disse. — Sua voz desapareceu. Como seria não ver a mãe todas as manhãs? Quem ajudaria o pai com sua poesia ou ensinaria os irmãos? Mamãe, provavelmente. — Aquele playboy Sun Bo Tao foi nomeado mestre do fes¬tival — continuou a mãe. — Isso é muito ruim e perigoso. É um aproveitador da amizade do imperador. Não tem título nem educação, só causa problemas. Evite-o, Ji Yue, a todo custo! — Ficarei longe dele, prometo! — Não pode! Ele é o mestre do festival! Está encarregado de todas as virgens imperiais. Lembre-se do que lhe ensinei. siga as virtudes de Confúcio, pense apenas em coisas puras, mas observe o que os homens não observam. Treinei-a para ser uma esposa política, e a primeira regra da política é não ser apanhada por um homem sem virtude. — Mamãe, tenha confiança em mim. Eu me tornarei a im¬peratriz. Se tivesse sucesso, toda a família ficaria bem por gerações, se¬riam da realeza. Só precisava despertar o interesse do imperador. — Vá agora, antes que seu pai envergonhe a si mesmo e chore. A mãe a empurrou, mas não era necessário, Ji Yue estava ansiosa para começar sua nova vida. O irmão mais velho cor¬reu para escoltá-la até a liteira imperial, que custara um preço exorbitante. Seu pai só a conseguira porque passara um ano en¬sinando a um sobrinho de um eunuco e recebera a promessa de um favor. Então pedira a bela liteira para levá-la à Cidade Proi¬bida. Uma futura imperatriz devia chegar como uma imperatriz, dissera ele. Os gritos das mulheres contratadas ficaram mais altos quan¬do ela se aproximou da liteira ao lado do irmão. Agora, el ...

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