Livro: A chave da paixão Página 4

... — Não vejo o Sr. Newman há alguns anos — prosseguiu —, e acabei de voltar para o país, por isso pensei em telefonar. — E qual é seu nome? — Prefiro fazer uma surpresa a ele. E que, na verdade, fomos um pouco mais do que amigos no passado. Foi então que lhe ocorreu a possibilidade de ele ser casado, mas logo se lembrou de que Lucy dissera que Mark morava apenas com o pai. — Entendo — disse ele. — O Sr. Newman voltará de viagem amanhã cedo, mas irá direto para o escritório. Jéssica sorriu esperançosa. — Oh, vejo que ele não mudou nem um pouco! — exclamou, deduzindo que o pai de Mark devia ser viciado em trabalho, para ir direto para o escritório logo depois de chegar de uma viagem. — Pode me dizer onde ele trabalha? Faz muito tempo que não nos encontramos e não me lembro do endereço. Jéssica forçou um riso, demonstrando embaraço pelo esquecimento. Apesar de continuar com o tom antipático, o homem ditou o endereço enquanto ela anotava todos os detalhes. No dia seguinte, o Sr. Newman receberia uma inesperada visita, pensou, ao desligar o telefone. Às dez e meia daquela mesma noite Jéssica adormeceu relativamente rápido, aliviada por haver dado início à sua "pequena investigação". Jéssica se encaminhou aos escritórios City logo cedo, na manhã seguinte. Antes de sair, telefonara para Stanford, James e Shepherd, avisando que não poderia comparecer ao trabalho, devido a um problema súbito que surgira e que teria de ser resolvido logo. Escolhera um vestido azul-claro, de um modelo simples, e sandálias cor da pele. Apesar da roupa leve, sentira bastante calor durante o trajeto porque tivera de enfrentar a lentidão do trânsito no horário de pico. A certa altura, desejou poder esquecer tudo aquilo e voltar para casa, mas a preocupação com Lucy a fez seguir em frente, sem hesitação. Enquanto dirigia, permitiu-se lembrar mais uma vez do passado, quando levava Lucy para fazer piqueniques no parque próx ...

mo de casa. A maior recusa que a garota fazia na época era não querer comer o sanduíche de presunto que Jéssica lhe oferecia. No presente, porém, as recusas haviam se tornado bem mais séria. Despertou do devaneio assim que avistou o imponente edifício todo de vidro. Tratava-se de um dos mais elegantes do centro de Londres, e isso a intimidou de certa forma. O interior lembrava mais a entrada de um hotel de luxo, com peças de arte, planta bem cuidada e a mesa redonda da recepção. Jéssica passou direto por ela, encaminhando-se para os elevadores. Sabia qual era o andar onde o Sr. Newman trabalhava, e não queria correr o risco de não conseguir falar com ele. Recepcionistas costumavam fazer muitas perguntas, antes de anunciar os visitantes, e Jéssica não saberia como justificar sua presença ali. O elevador a conduziu direto para o oitavo andar. Quando as portas se abriram, foi como se deparar com outro mundo. O ruído era mínimo, bem diferente dos escritórios onde ela trabalhara que sempre pareciam em uma constante atividade caótica. Pessoas andando de um lado para outro, telefones tocando sem parar e uma insuportável atmosfera de tensão. O carpete verde-escuro, unido ao ambiente espaçoso, criava uma agradável sensação de bem-estar. Mais adiante, via-se um hall com uma elegante mobília, plantas naturais incrivelmente verdes e várias secretárias concentradas no trabalho. Tentando ser o mais discreta possível, Jéssica passou por elas como se fizesse parte do quadro de funcionários. Ao chegar ao corredor depois do hall, começou a olhar os nomes gravados nas placas presas às portas. Para seu espanto, o escritório de Anthony Newman ficava na última sala. Jéssica se surpreendeu ainda mais ao se dar conta de que não estava nem um pouco nervosa. Munir-se-á com imagens suficientes de Lucy sendo influenciada pelo filho de Newman, para ter coragem de enfrentá-lo e de ir direto ao assunto. Bateu educadamente à porta, obtendo uma ...

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