Livro: A casa do marquês Página 3

... ara garantir entrada no Almack’s e de se apresentar perante a fina flor e nata da sociedade londrina.Daphne Clifford, a mãe de Emma, mal cabia em si de excitação. Daphne, que não gostava que se referissem a ela como ”a viúva Clifford”, era ainda bastante atraente, embora a sua beleza estivesse um pouco desaparecida. Os anos tinham-lhe deixado algumas rugas, uns quantos quilos a mais. e pouca vivacidade como quando, vinte e cinco anos antes, se atirava nos braços do bonito e esbanjador Samuel Clifford. Daphne concordava que a sua queridíssima Emma devia procurar um marido rico. Não via razão nenhuma para que uma jovem tão linda pudesse ter problemas em caçar o Melhor Partido da Temporada. E ela, certamente, não esperava encontrar nenhum impedimento na sua busca do (tcharam!) Amor Verdadeiro. Daphne tinha uma certa tendência para pensar em letras maiúsculas. Fanny Clifford, por seu lado, gozava com as ilusões da sua nora, que considerava tão insaciável como o seu desejo de que a mamã Clifford se retirasse para Bath com a sua prima idosa, Maude, e Deixasse toda a gente em Paz de uma vez por Todas. Fanny era um pouco. bem, podia dizer-se que era muito metida consigo própria. Na sua juventude vivera numa Londres muito diferente da cidade afectada e exigente da regência. Filha de uma época mais livre e impudica, Fanny falava com franqueza, fazia o que lhe apetecia e tinha a convicção de que se devia trancar nalgum lado as pacóvias e as molengas para que deixassem de chatear toda a gente com as suas lamúrias. O que Fanny ansiava encontrar em Londres não era um anel de casamento, mas aventuras. Afinal de contas, ela já tinha sido casada, e não via o interesse de se prender a outro homem. Fanny tinha grandes planos, todos eles desconhecidos para a sua neta. Ou, como diria Daphne, Grandes Planos. Além de se divertir um pouco antes de se tornar demasiado velha para reconhecer a diversão mesmo que estivesse à sua frente, pensara num pl ...

no para persuadir, pelo menos um dos seus antigos amantes a oferecer um neto rico, bem-apessoado e, com um pouco de sorte, atraente também, para namorar com Emma. Uma coisa que tinha clara era que, por nada do mundo, nem por dinheiro, nem por títulos nobiliários, permitiria que a sua querida Emma se casasse com um homem como o seu neto. Clifford Clifford (Daphne tinha muito pouca imaginação), mais conhecido como Cliff, era mais novo do que Emma. Ainda lhe faltavam dois anos para alcançar a maioridade, apesar disso era crescido o suficiente para achar que ele também podia ter um grande papel em Londres. Para Cliff, isso significava assistir a combates de boxe, lutas de ursos e de galos e visitar qualquer antro de jogo onde os idiotas pudessem ter a certeza de que quando saíssem teriam os bolsos vazios. Resumindo, Cliff Clifford era o tipo de patife que Morgan Drummond não teria conseguido ver nem pintado embora tivesse ficado na sua casa de campo até que o sangue lhe gelou nas veias. A caminho de Londres para passar a temporada ia também Edgar Marmon, profissão: aventureiro. Ou, melhor dizendo, ex-aventureiro. Agora, com os seus setenta anos, ele era o único que continuava a considerar-se um aventureiro. Edgar, que vivia do seu engenho e da ignorância das suas vítimas, levara a cabo mais de uma fraude, normalmente sem sucesso, e arranjara numerosos inimigos. Agora dirigia-se para Londres com uma Grande Ideia. Um Projecto Brilhante. Um Grande Plano destinado a encher os seus bolsos uma última vez para poder retirar-se para Brighton ou para qualquer lugar confortável onde pudesse ter viúvas ricas ao seu desejo. Por enquanto, Edgar escondia-se sob o nome falso de ”sir Edgar Marmington”, inventor e cavaleiro, homem que incentivava os seus investidores a não acreditarem que ficariam ainda mais ricos, enchendo os seus bolsos pelo privilégio de participar no seu projecto mais ambicioso até à data: transformar o chumbo em ouro. Naturalment ...

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