Livro: A arte da sedução - Susan Napier Página 3

... certamente encaixa-se em tal raciocínio — Hugh corrigiu-a com sua lógica precisa. — E como estamos às vésperas de uma eleição, todos os lados vão tentar tirar vantagem dos fatos. Mas eu também tenho certeza de que o governo vai agir em breve para que o assunto seja abafado discretamente. — Bem, justamente por isso não sei como minha "fuga" poderia ajudar — Rosalind murmurou os olhos verdes faiscando de ódio. — Com toda a certeza, para o público isso seria uma admissão de culpa. — E daí? Deixe-os pensar o que quiserem — opinou o outro irmão. Esticado numa larga poltrona, Richard carregava no colo os filhos, duas pequenas miniaturas de si mesmo. — Veja bem, Rose, não vai ser possível evitar sozinha que os jornais explorem o escândalo até as últimas conseqüências. Você foi um presente dos céus para a imprensa sensacionalista, sabe disso. Uma atriz conhecida mundialmente por suas atuações selvagens, com um corpo capaz de fazer milhares de homens sonharem. Não vão desistir de você tão rápido. Sabe que só estão interessados em vender jornais, não sabe? — Contenha a língua na frente das crianças, Richard! — Constance repreendeu-o de imediato. Ele sorriu de forma desajeitada, e por um instante pareceu bem mais jovem do que era. Com certeza ninguém afirmaria que se tratava de um homem de trinta e um anos. Um instante depois, Richard abraçou os filhos carinhosamente. — Encare isso, Rose, os repórteres não vão lhe dar sossego enquanto você continuar desfilando sua beleza por esta maldita cidade. A coisa pode ficar ainda pior. E toda a família vai acabar sofrendo as conseqüências da situação. Com um gesto, Richard indicou o restante dos membros do clã Marlow, que a encaravam em silêncio. Em princípio, Rosalind achara que havia sido convidada para um plácido chá com os pais a fim de discutir o problema, mas acabara deparando-se com um verdadeiro conselho de família. Só não estavam presentes seus i ...

mãos Steve, que no momento trabalhava na composição da trilha sonora de um filme em Hollywood, e ô caçula, Charlie, que era mecânico de Fórmula Um e encontrava-se ocupado com o campeonato mundial na Europa. Na maior parte do tempo ela gostava de pertencer a uma grande família, cujos membros amavam-se mutuamente, mas em certos momentos aquele tipo de interferência só servia para complicar sua vida. Agora, por exemplo, a pressão dos pais e irmãos só servia para abalar sua já combalida autoconfiança. O problema era que eles continuavam a vê-la como a engraçada e impulsiva garota dos tempos de adolescência. Por que não podiam encará-la como uma mulher madura, capaz e independente, com vinte e sete anos de idade? Afinal de contas, sua personalidade mudara muito com o passar dos anos. Erguendo a cabeça, finalmente olhou para o canto onde estava Olívia, sentada ao lado do marido, Jordan Pendragon. Normalmente sua irmã gêmea a apoiaria sem pestanejar, mas naquele dia parecia estranhamente reservada. Na verdade, os laços que uniam as duas tinham esmorecido nos últimos tempos, especialmente depois do casamento de Olívia. "Que droga!", Rosalind pensou. Sem o apoio de nenhum membro da família sentia-se absolutamente miserável. — Sinto muito, nunca imaginei que isso fosse se transformar numa confusão tão grande — ela suspirou, enfiando as mãos nos bolsos da calça jeans ao mesmo tempo em que encolhia os ombros. — A situação simplesmente fugiu do controle. Só porque um intrometido empregado do hotel entendeu mal as coisas! — O tom da voz era amargurado. — Por que as pessoas não podem apenas cuidar das próprias vidas? — Porque imaginam que alguém como você, que tem uma vida pública, não tem direito à privacidade — Richard comentou com frieza. — E lembre-se de que não está sofrendo sozinha a conseqüência, Rose. O telefone de meu escritório, por exemplo, não pára de tocar. E tive até mesmo de contratar segura ...

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