Livro: A Amante do Pirata Página 4

... o que os outros fizeram, e sei que não é como eles. Sei que mulheres não costumam discutir negócios com os homens, capitão, mas não tenho irmãos, e a morte de meu pai não me deixou outra alternativa. Espero que compreenda. Ah, compreendia. Aquela criança encantadora estava tentando seduzi-lo. — Espero que entenda — ela insistiu. — Em Newport, todos dizem que você tem muitas mulheres. — Realmente, moça, mas você é simplesmente a mais bela — e tocou-a no queixo, obrigando-a a encará-lo. — Devo concluir que você é mais uma razão pela qual devo aceitar esta proposta? A jovem permaneceu em silêncio. Era estranho, mas sua quietude era mais tentadora que toda a sedução estudada de Anjelike. Tentou lembrar-se de que era a filha de um capitão, uma garota de uma família decente cuja virgindade era reservada para o homem que a desposasse. Não permanecera solteiro por tanto tempo sem um saudável senso de auto-preservação. Se tivesse um mínimo de bom senso, a mandaria embora imediatamente. Agora! Em vez disso, beijou-a suavemente, prolongando o contato até que ela relaxasse e se deixasse apoiar em seu peito. Há quanto tempo não beijava uma mulher tão inocente? Desde Catherine. Há uma eternidade. E agora não havia lugar em sua vida para jovens como a que tinha nos braços. Não queria navegar na embarcação de seu pai, comercializando rum de segunda categoria nas índias, e certamente não queria uma esposa. Embora seu pai estivesse morto, sempre havia um tio ou um vizinho disposto a defender a virtude de uma jovem ultrajada. Relutante, e quase tarde demais, Gabriel interrompeu o contato. — Linda criança — murmurou, deliciando-se ao ouvir seu suspiro doce e suave. — Não sei sequer o seu nome. Seus olhos abriram-se como se estivesse acordando, e uma exclamação abafada e ultrajada precedeu o movimento brusco que a arrancou de seus braços. Enquanto retrocedia, ela levou os dedos aos lábios ainda úmidos do beijo. � ...

� Não fique tão assustada, moça — Gabriel indicou frustrado. Desejava-a, e não estava habituado a privar-se com relação às mulheres. — Não roubei nada que possa fazer falta em sua noite de núpcias. Afinal, qual é o seu nome? Está me pedindo muito, e ainda não sei nem quem é. — Meu nome é Mariah West, e pode parar de representar, capitão Sparhawk. Qualquer que seja meu nome, é evidente que vai recusar minha proposta. Seria mesmo tão óbvio? — Sinto muito, srta. West, mas o acordo não beneficiaria nenhum de nós. Já tive minha cota de sorte no mar, e nada pode me fazer navegar outra vez. Nem mesmo você. — Sei a verdade. Não o agrado, não é? Não precisa explicar-se. — E você não precisa de um patife como eu em sua vida —- ele sorriu, tentando amenizar a rejeição. — Pelo menos por enquanto. — Já disse que não preciso de suas explicações, capitão — e puxou o capuz sobre os cabelos, fechando a capa em torno do corpo. — Irei embora, e você poderá voltar às suas. outras atividades. Mariah saiu sem dizer adeus, e Gabriel esperou até ouvir a pesada porta da frente se fechando para, só então, deixar-se cair em uma das cadeiras. Droga! Não lembrara sequer de perguntar sobre o incêndio. A jovem o fizera esquecê-lo por completo. Pior, levara-o a recordar coisas que julgava enterradas definitivamente no passado. Gostaria de tê-la mantido em seus braços, afinal. Um bando de tios e vizinhos furiosos não podia ser tão assustador. — Ela já foi, capitão? — Ethan perguntou surpreso, com a familiaridade que fazia dele melhor companheiro de bordo que criado. — Não pensei que fosse deixá-la escapar. Não depois de notar a semelhança entre a jovem e sua srta. Langley. — Acha que ela se parece com Catherine? Não reparei. Ethan riu, incrédulo, e perguntou: — Conseguiu ao menos saber o que ela queria? — Ela disse que o pai morreu, e que gostaria que eu assumisse o lugar dele na corveta que perte ...

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