Livro: A Amante do Pirata Página 2

... anos, e Deus sabia que não devia esperar muito mais da vida. Mas a paz que buscara dois anos antes, quando deixara o mar, ainda não havia sido alcançada, e nada, nem sua casa nova e confortável, nem a procissão de mulheres adoráveis e disponíveis! como Anjelike, conseguia aliviar o enorme vazio que ainda devorava sua alma. — Não estou zombando dos espanhóis, querida, só da idéia de que eles estão aqui incendiando Newport. O fogo deve ser proveniente do cachimbo de algum viajante embriagado incendiando o colchão de sua hospedaria. Você partirá no vapor de amanhã como combinamos, e estará de volta a Hempstead no final da semana. Mais um pouco, e seu marido pode decidir vir procurar aquela amiga doente que você veio visitar. — Ah, Heihrick! — Anjelike exclamou com desprezo. — Aquele velho gordo não deixaria sua comarca nem que eu fosse a Paris usando apenas ceroulas! Gabriel já ouvira a mesma história antes, e por isso preferiu aproximar-se novamente da janela para apreciar o brilho do fogo a distância. Estava certo! Julgara ter ouvido o som de cascos na estrada e agora via o cavalo trilhando o caminho que levava à porta de sua casa. Não esperava convidados, e Crescent Hill ficava muito longe da cidade para receber visitantes casuais. Rodando o copo entre os dedos, considerou as possibilidades mais interessantes. Talvez os espanhóis estivessem mesmo em Newport, afinal. O som de vozes pôde ser ouvido quando Ethan, o velho homem do mar que conservava como uma espécie de pajem, abriu a porta para o recém-chegado, trocou algumas palavras com ele e subiu a escada que levava aos aposentos do andar superior. — Que homem é esse, Ethan? — Gabriel perguntou antes que o criado pudesse anunciar-se. — Alguém com notícias sobre o incêndio? — Não exatamente, capitão. Já disse que é comprometido, mas. — Comprometido! — Gabriel riu. — Pelo amor de Deus, Ethan, desde quando tornou-se tão delicado? Ofereça um trago ao vi ...

jante, e dobre a oferta se ele puder nos dar notícias sobre o incêndio. — Não sou um viajante, capitão Sparhawk — uma voz feminina anunciou atrás de Ethan. — E não quero seu rum, mas você. Falava sem hesitar ou demonstrar timidez, e Gabriel sorriu de sua ousadia. Embora o rosto ainda estivesse perdido nas sombras do corredor, a luz das velas iluminava o corpo pequeno e atraente que o vestido modesto e amplo não era capaz de esconder. Então o queria!. Talvez não percebesse como a afirmação poderia ser mal interpretada. Ou talvez percebesse, apesar de sua juventude. — Mande essa menina embora, Gabriel — Anjelike ordenou com tom arrogante. — Essa criatura devia estar era casa com a mãe, não aborrecendo cavalheiros de maneira tão desavergonhada. — Não sou nenhuma menina, madame — a jovem impacientou-se, empurrando Ethan para entrar no aposento. — E você não parece ser a senhora desta casa para andar por aí dando ordens! Agora Gabriel podia ver seu rosto claramente, bem como os caracóis negros sob o capuz, os olhos azuis e o queixo pequeno. Era tão parecida com Catherine, sua Catherine, que a surpresa foi como uma dor física. — Sou uma senhora maior do que jamais será, sua pequena desavergonhada! — Anjelike respondeu, puxando o vestido sobre os ombros e erguendo o corpo. Farei com que se arrependa de tanto atrevimento, e depois. — Basta! — Gabriel cortou com autoridade. — Ethan, Madame Van Riis está se retirando. Providencie tudo o que ela julgar necessário em seu quarto. Bons sonhos, Anjelike. Partiremos às quatro badaladas. Depois de lançar um olhar furioso na direção da jovem, Anjelike passou pela porta como um vendaval de rendas e cetim, seguida de perto pelo atônito Ethan. Gabriel obrigou-se a fitar novamente a desconhecida e procurou diferenças, desesperado por qualquer coisa capaz de fazê-lo acreditar que não perdera o juízo. Era um homem de razão, não de superstição. E logicamente, não ac ...

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