Livro: A Alegria de Amar Página 3

... te e dois balões enfeitavam os encostos de vinte e duas cadeiras de armar dispostas ao redor de uma longa mesa decorada no quintal. Com as mãos no quadril, James percorreu o olhar pelo cenário. — Uma mesa de festa digna de um membro da realeza. — Sim, realmente — Maggie concordou. — Mas, antes que o príncipe Sean e sua corte cheguem para o bolo e o sorvete, acho que os servos encarregados dos preparativos da festa merecem um refrigerante gelado e alguns minutos de descanso. — Servos têm direito à folga? — James cogitou, observando-a abrir duas garrafas de soda tiradas de um balde de gelo. — É claro que sim. — Maggie entregou uma das garrafas a ele e se sentou de pernas cruzadas no gramado. — Os servos pertencem a um sindicato hoje em dia. James ignorou o gesto dela para que também se sentasse no gramado; não estava vestido adequadamente para isso. Puxou uma das cadeiras de armar decoradas com um balão. — Está usando um uniforme incomum para um servo — ele comentou, apoiando os braços cruzados no encosto da cadeira. — Não gosta da minha roupa? — Maggie fingiu mágoa. Apoiando-se nos cotovelos, ergueu as pernas, mostrando as enormes pantufas pretas que calçava. Ao bater um pé de encontro ao outro com força, as pontas se abriram, liberando várias cobras de papel sanfonado, que pareceram atacar James em represália ao comentário. O truque sempre extraía risadas das crianças que Maggie divertia em festas, e James não fugiu à regra. — Estou até com medo de perguntar o que acontece quando tira o chapéu. — Ele a ajudava a guardar as cobras de volta nas pontas das pantufas. — A peruca sai com o chapéu, de modo que se poderia ver os meus cabelos presos sob uma touca de náilon. Isso provavelmente arrancaria risos da criançada, mas prefiro me ater aos velhos truques infalíveis. — Que outros truques executa? Se conheço bem o meu afilhado, não se contentará com sapatos que escondem cobras nas pontas. Ele ...

é mais do tipo sádico que morre de rir se vê alguém tropeçar num de seus brinquedos e se esborrachar no chão. — Faço truques de mágica também. Clyde, o meu coelho branco, sai de uma cartola, a menos que esteja mal-humorado, o que não é raro acontecer. Irving, um periquito mais bem-comportado, desaparece da gaiola quando a cubro com um pano mágico e digo abracadabra. Da última vez que pus o número em prática, precisei da ajuda de quatro pais voluntários e um gato faminto para resgatar Irving do galho de uma árvore. — Deve ser um bom bico — James comentou — para quem estuda ainda, como você, não é? Maggie abria a boca para responder quando as portas de vidro que davam para o quintal se abriram, dando vazão a vinte e duas crianças em desabalada carreira para pegar um lugar à mesa. Quando Maggie teve um instante de folga, depois de ajudar a acomodar o último convidado, e olhou ao redor, viu James já a meio caminho do carro. Ele se virou para acenar, e ela não resistiu a um impulso. — James! Espere um momento. Quero te dar uma coisa. Ela apanhou algo numa mesa próxima e atravessou o quintal correndo meio desajeitadamente por causa das longas pantufas. — Tome — ela pregou um broche na lapela do terno dele. — Pela bravura e além do chamado do dever, arriscando-se a lidar com uma indócil bomba de balões, outorgo-lhe esta medalha de honra. — Maggie recuou, o olhar travesso. — Preciso voltar para a festa logo, antes que as crianças descubram Clyde e tentem dar sorvete a ele. A última vez que isso aconteceu, o meu lucro se foi na conta do veterinário. Aquele coelho guloso não sabe dizer não. — Ouvi dizer que os coelhos têm esse problema — James retrucou num tom falsamente solene. — Tchau, Maggie. Obrigado pela medalha. — Ele deu um salto batendo os calcanhares. — Saiba que faria tudo outra vez, madame. Nós, heróis, não conhecemos o medo! Rindo de tanto disparate, ela acenou em despedida e voltou cor ...

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