Livro: Vitimas da Paixão - Tracey Bateman
Autor - Fonte: Tracey Bateman
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Capítulo I
Estados Unidos, 1850
Os moradores da pequena cidade de Hawkins, no Kansas, tinham apenas duas razões para se agitarem, em de¬terminado dia. Uma era o nascimento de algum bebê, o que ocorria nos quartos superiores dos sobrados, mas não obstante dava origem a certo alvoroço.
Outra consistia na presença de uma caravana de diligências e carroções esta-cionados às margens do riacho próximo, às vezes por dois ou três dias, se os pioneiros e colonizadores que demandavam o oeste do país estivessem cansados demais ou necessitassem efetuar reparos demorados.
Naquela ocasião, nenhum nascimento havia sido regis¬trado, mas a cidade mesmo assim se achava em alerta.
Isso significava somente uma coisa: os ocupantes da primeira diligência do ano tinham montado acampamento nos limi¬tes da localidade.
— É uma caravana chegando! — O grito, vindo da porta do armazém, prendeu a atenção de Fannie Caldwell e gerou um longo hausto de ar para seus pulmões.
Cada terminação nervosa de Fannie a inspirava a correr até a calçada e juntar-se à pequena multidão de moradores, todos homens, exceto por ocasionais mulheres da vida, com maquiagem exagerada e aspecto sonolento. Trajando xales sobre as blusas, ou até sobre combinações, elas se aventura¬vam a sair de uma ou outra taverna em que trabalhavam.
Da mesma forma, e com toda a certeza, Fannie ansiava por ganhar a rua. Podia sentir os olhos de Tom cravados em seu corpo. Aqueles olhos escuros, libidinosos, a seguiam onde quer que ela fosse. Hora após hora, dia após dia, ano após ano. Tinha de permanecer viva e intacta se quisesse manter Kip e Katie igualmente vivos e intactos. Por isso, conservou-se como estava, com o olhar focado no livro con¬tábil aberto à sua frente, no balcão.
Resmungando, Tom ergueu a figura obesa da cadeira no canto do estabelecimento comercial. A aversão tomou conta de Fannie, enquanto o comerciante de meia-idade movia-se com certa dificuldade pelo gasto pi
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o de tábuas. Ele segurou a porta pelo trinco, abriu-a e espiou o movimento na rua poeirenta.
— Garota — chamou, girando a cabeça. — É melhor você tirar os olhos desse livro e arrumar a loja para os negócios de hoje. Este parece ser um grande comboio, creio eu, com cerca de cem veículos.
O coração de Fannie vibrou de expectativa. Uma carrua¬gem média comportaria no mínimo três pessoas. Talvez as coisas, finalmente, caminhassem para uma transformação importante. Seus lábios se curvaram num sorriso, reprimi¬do antes que Tom o percebesse. Não fazia sentido levantar suspeitas.
— Não escutou? Ou preciso ajudá-la a ouvir um bocadinho?
Ambos sabiam que ele não bateria nela naquela opor¬tunidade. Ninguém mais estava à disposição para atender clientes. Era a chance de Tom ganhar um bom dinheiro, em¬bora faltasse ânimo a Fannie para recompor-se e cooperar nas vendas de uma jornada que prometia ser exaustiva.
— Eu ouvi — ela disse com clareza.
— Então, mãos à obra.
Com um suspiro, Fannie fez o que lhe era solicitado. Conhecia, desde anos antes, o preço da desobediência. Não que fosse um primor de covardia. Mas, após três anos como aprendiz de Tom, sabia intimamente quão doloroso era o contato com os punhos, as botas e as palmas das mãos do lojista. E exatamente naquela noite ela teria muito a per¬der, caso se arriscasse a provocar uma surra, da qual não se recobraria em curto prazo.
— Sim, senhor. —-, o som de sua suave submissão mascarava a selvagem rebeldia entranhada no coração. A respos¬ta servil enganaria até o mais astuto patrão.
Ela fechou o livro de contabilidade e guardou-o embaixo do balcão. Em seguida, deu início às tarefas, espanando a poeira das prateleiras e aumentando em cinqüenta por cen¬to os preços constantes das etiquetas, como Tom ordenara. O comerciante assim garantiria um bom lucro com a venda das mercadorias remarcadas para cima, mas não a ponto de fazer com que o viajante, se ...
Comentários:
Maria Lucia Costa: Não tem final
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dani: Parecia muito bom no inicio,mas no final o autor se perdeu e perdeu o final dos personagens uma pena.
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