Livro: O Casamento - Julie Garwood Página 2

... sem ajuda. Há um traidor entre nós, e é seu dever desmascará-lo. É um dos nossos, Connor, não me cabe dúvida. Oxalá esteja sofrendo agora mesmo os últimos estertores da morte, no campo de batalha. Esperará o tempo necessário até averiguar todos os nomes. Então, fará cair todo o peso da vingança sobre os que ainda vivam. Tenha em conta a possibilidade de acabar também com todos seus filhos, moço. —Assim o farei, pai. Destruirei-os a todos. Donald apertou com mais força ainda a mão de seu filho. —Esta será a última lição que terei que te dar. Observa como morro, e aprende a viver como um guerreiro. Quando te afastar de mim, vê até o atalho do bosque. Ali te aguarda Angus, que tem que te dar instruções para seu futuro imediato. O latifundiário esperou até que seu filho demonstrou que tinha compreendido, e seguiu falando. —Olhe a seu redor e me diga o que vê. Não ficou nada? Connor contemplou a destruição que lhe rodeava, derramando silenciosas lágrimas de angústia. O aroma da madeira queimada e o sangue fresca lhe revolvia o estômago. —A torre está em ruínas, mas a reconstruirei. —Sim, fará-o. Deve fazer que sua fortaleza seja invencível. Aprende de meus enganos, Connor. —Construirei uma torre mais forte. —E o que passou com meus seguidores ? —A maioria morreu. O desespero presente na voz do jovem comoveu ao velho latifundiário, que imediatamente tentou lhe devolver a confiança. —Seus filhos retornarão. Levarão suas cores, e reivindicarão seu nome. Seguirão-lhe, tal como seus pais o fizeram comigo. Já se aproxima o momento em que deve me deixar. Enfaixa sua ferida para deter a hemorragia antes de te pôr de pé, ou seguirá perdendo sangue a cada passo que dê. Faz-o agora, enquanto descanso a seu lado. Connor se apressou a obedecer a ordem de seu pai, embora não acreditava que sua ferida fosse tão importante para merecer atenção especial. A maior parte do sangue que lhe cobria era das ...

eridas de seu pai, não das próprias. —Terá uma cicatriz que terá que te recordar este funesto dia —predisse Donald. —Não necessito nenhum aviso. Não o esquecerei. —Não, não esquecerá. Dói-te? —Não. Donald grunhiu com aprovação. O moço jamais tinha sido quejica, circunstância que seu pai encontrava extremamente satisfatória. Tinha todas as condições de um capitalista guerreiro. — Quantos anos tem, moço ? —Nove ou dez, senhor —respondeu este. —Parece maior. Tem a estatura de um menino, mas seus olhos já são os de um homem. Vejo neles o fogo da fúria, e me sinto orgulhoso de ti. —Poderia lhe levar comigo. —Não pode arrastar a um morto detrás de ti. —Doem-lhe as feridas, pai? —A verdade é que já não sinto nada. Como se estivesse paralisado. Uma boa forma de morrer, acredito. Muitos homens não têm essa sorte. —Posso ficar com você se. —Partirá-te quando lhe ordenar que —assinalou isso seu pai—. Te salvará, para poder cumprir com a promessa que me tem feito. O inimigo se foi, mas não o duvide, voltará para terminar o trabalho. —Temos tempo, pai. O sol ainda está alto, e o inimigo se levou seus barris de vinho. Estarão muito bêbados para voltar antes do amanhecer. . —Então, pode ficar um momento mais —concedeu o pai. —Angus me enviará a ver a Euphemia, para que lhe conte o acontecido? —Não. Não lhe contará nada a essa mulher. —Mas é sua esposa! —Minha segunda esposa —lhe corrigiu—. Nunca confie em uma mulher, Connor. É muito arriscado. Euphemia já se inteirará do ocorrido quando retornar com seu filho Raspam. Quero que para então esteja bem longe daqui. Não quero que lhe eduquem seus parentes. São como sanguessugas. Connor assentiu com a cabeça, dando a entender a seu pai que tinha compreendido, e logo perguntou: —Confiava você em minha mãe? Donald percebeu a preocupação que havia na voz de seu filho, e pensou que provavelmente tinha a obriga� ...

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