Livro: Paixão de outono - Candace Camp
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... Havia um desconhecido no pátio da casa do lado. Millicent o viu logo que saiu de sua casa, com seu vestido de calicó, conhecido como o «penteador», e o velho chapéu que ficava para trabalhar no jardim. Saiu ao alpendre e contemplou com orgulho as pulcras fileiras de flores que cresciam frente à casa, ao longo da cerca que rodeava o pátio dianteiro, e no jardim retangular este lado. Depois cruzou o pátio, carregada com as grossas luvas de trabalho e os úteis de jardinagem, em direção à curta cerca branca que se estendia entre os pátios dianteiros da casa Hayes e a antiga mansão da viúva Bell, o edifício contigüo. Seus apreciados lírios estavam plantados junto a aquela cerca, altos e rígidos; as cabezuelas quedas pareciam muito pesadas para os caules. Quando se aproximou dos maciços de flores, olhou em direção à casa Bell, e então viu o homem. Sobressaltou-lhe tanto ver alguém ali que deixou cair ao chão as luvas e as ferramentas e ficou imóvel, lhe olhando. Fazia quase um ano que a casa contigüa estava vazia, da morte da viúva Bell. Nunca ia ninguém, exceto quando a escrivaninha do advogado enviava a alguém para arrancar as más ervas. A gente dizia que à viúva só a tinha sobrevivido uma filha. Vivia em Dálias e nem se expor mudar-se ao Emmetsville. Durante meses todo mundo se perguntou o que ia ser da casa. O homem ia muito bem vestido, pensou Millicent, para ser um vagabundo ou um ladrão. Era de média estatura, talvez um pouco mais alto do normal, e bem proporcionado. Levava chapéu negro, mas como meu- raba em outra direção não pôde lhe ver as facções. Esperou com impaciência a que se desse a volta, consumida pela curiosidade. O homem se tirou o chapéu quando jogou a cabeça para trás para observar o segundo piso da casa. A luz do sol arrancou brilhos dourados de seu cabelo, no qual se misturavam mechas loira cinza e castanho claro. Millicent se convenceu então de que não lhe conhecia. Não havia nenhum hom ...

m na cidade com o cabelo daquela cor, a meio caminho entre o amarelo do milho e o dourado pálido do trigo. Além disso, havia poucas pessoas na cidade que Millicent não conhecesse. Em uma população do tamanho do Emmetsville, um forasteiro sempre era notícia, sobre tudo se se dedicava a contemplar a velha casa Bell. O homem subiu os desmantelados degraus do alpendre, abriu a porta com uma chave e entrou. A curiosidade do Millicent aumentou. O fato de que abrisse a porta c6n chave significava que o senhor Carter, advogado da viúva e administrador de suas propriedades, a tinha dado. Devia estar pensando muito seriamente em comprar a casa ou em alugá-la. Millicent se deu conta então de que se seguia com a vista cravada no outro pátio, acabaria por chamar a atenção. Se o forasteiro se deu a volta, a teria visto sem a menor dificuldade. Millicent se ruborizou ao pensar nessa possibilidade. orgulhava-se de sua conduta irrepreensível, e a perspectiva de que a surpreendessem fazendo algo tão grosseiro como bisbilhotar lhe resultava muito embaraçosa. Atravessou a toda pressa o pátio lateral em direção ao arbusto de sauquillo alto e largo, que naquela época do ano desdobrava enormes cachos redondos de flores brancas O sauquillo era o primeiro de uma série de arbustos que cresciam paralelos à fronteira entre os dois pátios traseiros. Os pátios contavam com várias aberturas que proporcionavam acesso de uma a outra porta posterior, uma prática comum no este deTexas, onde a convivência vicinal era um dos princípios básicos da existência. Millicent se escondeu atrás do enorme arbusto e não demorou para perder-se em especulações sobre o forasteiro e seu futuro no Emmetsville. A perspectiva de contar a todas seus amigas, na próxima reunião da Sociedade Feminina de Ajuda às Missões, que a casa Bell estava a ponto de trocar de mãos, divertia-lhe. Miúda surpresa ia se levar tia Oradelle quando Millicent comunicasse a notícia antes que ela! ...

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