Livro: O Livro Dele
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Autor - Fonte: Florbela Espanca
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...
1915-1917
Florbela Espanca
JUNQUILHOS.
Nessa tarde mimosa de saudade
Em que eu te vi partir, ó meu amor,
Levaste-me a minh\\\'alma apaixonada
Nas olhas perfumadas duma flor.
E como a alma, dessa florzita,
Que é a minha, por ti palpita amante!
Oh alma doce, pequenina e branca,
Conserva o teu perfume estonteante!
Quando fores velha, emurchecida e triste,
Recorda ao meu amor, com teu perfume
A paixão que deixou e qu\\\'inda existe.
Ai, dize-lhe que se lembre dessa tarde,
Que venha aquecer-se ao brando lume
Dos meus olhos que morrem de saudade!
O TEU OLHAR
Quando fito o teu olhar,
Duma tristeza fatal,
Dum tão íntimo sonhar,
Penso logo no luar
Bendito de Portugal!
O mesmo tom de tristeza,
O mesmo vago sonhar,
Que me traz a alma presa
Às festas da Natureza
E à doce luz desse olhar!
Se algum dia, por meu mal,
A doce luz me faltar
Desse teu olhar ideal,
Não se esqueça Portugal
De dizer ao seu luar
Que à noite, me vá depor
Na campa em que eu dormitar,
Essa tristeza, essa dor,
Essa amargura, esse amor,
Que eu lia no teu olhar!
DOCE MILAGRE
O dia chora. Agonizo
Com ele meu doce amor.
Nem a sombra dum sorriso,
Na Natureza diviso,
A dar-lhe vida e frescor!
A triste bruma, pesada,
Parece, detrás da serra
Fina renda, esfarrapada,
De Malines, desdobrada
Em mil voltas pela terra!
(O dia parece um réu.
Bate a chuva nas vidraças.)
As avezitas, coitadas,
\\\'Squeceram hoje o cantar.
As flores pendem, fanadas
Nas finas hastes, cansadas
De tanto e tanto chorar.
O dia parece um réu.
Bate a chuva nas vidraças.
É tudo um imenso véu.
Nem a terra nem o céu
Se distingue. Mas tu passas.
E o sol doirado aparece.
O dia é uma gargalhada.
A Natureza endoidece
A cantar. Tudo enternece
A minh\\\'alma angustiada!
Rasgam-se todos os véus
As flores abrem, sorrindo.
Pois se eu vejo os olhos teus
A fitarem-se nos meus,
Não há de tudo ser lindo?!
Se eles são prodigiosos
Esses teus olhos suaves!
Basta fitá-los,
...
mimosos,
Em dias assim chuvosos,
Para ouvir cantar as aves!
A Natureza, zangada,
Não quer os dias risonhos?.
Tu passas. e uma alvorada
Pra mim abre perfumada,
Enche-me o peito de sonhos!
CARTA PARA LONGE
O tempo vai um encanto,
A Primavera \\\'stá linda,
Voltaram as andorinhas.
E tu não voltaste ainda!.
Porque me fazes sofrer?
Porque te demoras tanto?
A Primavera \\\'stá linda.
O tempo vai um encanto.
Tu não sabes, meu amor,
Que, quem \\\'spera, desespera?
O tempo está um encanto.
E, vai linda a Primavera.
Há imensas andorinhas;
Cobrem a terra e o céu!
Elas voltaram aos ninhos.
Volta também para o teu!.
Adeus. Saudades do sol,
Da madressilva e da hera;
Respeitosos cumprimentos
Do tempo e da Primavera.
Mil beijos da tua q\\\'rida,
Que é tua por toda a vida.
TRISTE PASSEIO
Vou pela estrada, sozinha.
Não me acompanha ninguém.
- Num atalho, em voz mansinha:
"Como está ele? Está bem?"
É a toutinegra curiosa;
Há em mim um doce enleio.
Nisto pergunta uma rosa:
"Então ele? Inda não veio?"
Sinto-me triste, doente.
E nem me deixam esquecê-lo!.
Nisto o sol impertinente:
"Sou um fio do seu cabelo."
Ainda bem. É noitinha.
Enfim já posso pensar!
Ai, já me deixam sozinha!
De repente, oiço o luar:
"Que imensa mágoa me invade,
Que dor o meu peito sente!
Tenho uma enorme saudade!
De ver o teu doce ausente!"
Volto a casa. Que tristeza!
Inda é maior minha dor.
Vem depressa. A natureza
Só fala de ti, amor!
MENTIRAS
"Ai quem me dera uma feliz mentira,
Que fosse uma verdade para mim!"
J.Dantas
Tu julgas que eu não sei que tu me mentes
Quando o teu doce olhar poisa no meu?
Pois julgas que eu não sei o que tu sentes?
Qual a imagem que alberga o peito teu?
Ai, se o sei, meu amor! Eu bem distingo
O bom sonho da feroz realidade.
Não palpita d\\\'amor, um coração
Que anda vogando em ondas de saudade!
Embora mintas bem, não te acredito;
Perpassa nos teus olhos desleais,
O gelo do teu peito de g ...
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