Livro: Amos Daragon e as máscaras do poder Página 3
Autor - Fonte: Bryan Perro
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ra caçar aves selvagens. Na extremidade de uma vara comprida em forma de ipsílon, pendurava uma corda com um nó corredio na ponta. Tudo que tinha a fazer era avistar uma ave (por exemplo, uma perdiz), permanecer a uma boa distância da presa e lentamente estender em direção a ela a ponta da vara com o laço. Sem fazer barulho, Amos passava o nó em torno do pescoço da ave e imediatamente puxava a corda. Graças a essa técnica,
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sempre levava para casa o jantar da família.
O garoto aprendera a ouvir a natureza, a ocultar-se nos arbustos e caminhar na floresta sem emitir um único som. Conhecia as árvores e os melhores lugares onde encontrar morangos silvestres. Já aos doze anos, podia seguir os rastros de qualquer animal da floresta. Durante a estação fria conseguia até achar trufas, que são cogumelos subterrâneos deliciosos que crescem perto de carvalhos. A floresta não guardava segredos para Amos Daragon.
Entretanto, Amos era profundamente infeliz. Todos os dias via o pai sofrendo e a mãe imersa em desespero e resignação. Os pais, sempre sem dinheiro, brigavam muito. Atolados no cotidiano de sua vida sofrida, não mais acalentavam sonhos para o futuro. Em sua juventude, Urban e Frilla haviam sonhado em viajar. Seu maior desejo tinha sido viver com alegria e liberdade. Mas agora seus olhos estavam pesados de amargura e fadiga. Todas as noites Amos sonhava em salvar os pais e proporcionar-lhes uma vida melhor. Como Urban e Frilla eram pobres demais para matriculá-lo numa escola, o menino também sonhava com um professor que pudesse ajudá-lo a compreender melhor o mundo, responder a suas perguntas e indicar-lhe livros para ler. Todas as noites, Amos Daragon suspirava enquanto adormecia, na esperança de que o dia seguinte lhe traria uma vida nova.
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Numa bela manhã de verão, Amos foi ao litoral catar mariscos ou capturar alguns caranguejos. Seguiu sua rota habitual, mas sem muito sucesso. O pouc
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que encontrou, guardado num de seus dois baldes de madeira, não seria suficiente para alimentar três pessoas.
— Não tem problema! — disse a si mesmo.—Ao que parece, esgotei todos os recursos desta parte da praia. Ainda é cedo e o sol está brilhando! Vou ver o que posso encontrar em outras bandas.
A princípio Amos considerou seguir para o norte, uma região que não estava muito familiarizado, mas então lembrou da Baía das Cavernas. Ficava muito longe de onde estava. Tendo visitado o local em diversas ocasiões, conhecia muito bem a distância até sua casa. Não poderia ficar naquele lugar por muito tempo, mas se apertasse o passo no caminho de volta, conseguiria chegar em casa antes do cair da tarde, conforme prometera ao pai.
A Baía das Cavernas era um lugar onde as ondas, com o tempo e a ajuda da maré, tinham erodido a rocha e escavado grutas e esculturas impressionantes. Amos descobrira o lugar por acidente. Sempre voltava da Baía das Cavernas com montes de caranguejos e mariscos, mas a duração da caminhada impedia-o de explorar o local com mais freqüência. Com um balde grande cheio até a borda em cada uma das mãos, a volta para casa nunca era fácil.
Depois de caminhar por duas horas, o rapaz finalmente chegou à Baía das Cavernas. Cansado, sentou na praia de seixos para contemplar o espetáculo na natureza. A maré estava baixa e as esculturas imensas feitas pelo oceano avultavam-se sobre a baía como gigantes petrificados. Em toda parte ao longo do
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penhasco, Amos podia ver os buracos fundos escavados por milhares de anos de marés, ondas e tempestades. O sol, já alto no céu, deitava seus raios sobre ele, mas a brisa do oceano esfriava sua pele bronzeada.
— Hora de arregaçar as mangas e trabalhar! — disse Amos com seus botões.
Não demorou quase nada para encher os dois baldes com caranguejos. Havia dúzias na praia, surpreendidos pela maré e agora empenhados em alcançar a ...
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