Livro: Vidas marcadas Página 3

... escritório. No contrato, constava apenas Pesquisas Hunt. — Teria aceitado o convite, se soubesse? — Não deixo que problemas particulares influenciem meu trabalho, sr. Hunter. Pessoalmente, gostaria de nunca mais ver o senhor e seu primo, mas estou aqui a negócios. Pediram que lhe mandassem a melhor programadora que o escritório tivesse. Eles me consideram a melhor e vou fazer o meu trabalho. — Muito bem. Então vamos tratar de negócios. Está mesmo disposta a ficar aqui por três meses? — Vou cumprir o contrato, sr. Hunter, e não permito que duvide de minha integridade profissional. — Não estou duvidando, srta. Standish. Aliás, nunca duvidei. Procurei lhe falar depois do inquérito, mas a senhorita logo demonstrou que não aceitaria minhas desculpas. — Um pedido de desculpas não traria minha irmã de volta. — Foi um acidente. — Mesmo? — O tom de acusação era evidente. — Sabe muito bem que sim. — Aos olhos da lei, foi um acidente, O senhor foi muito convincente, sr. Hunter, e uma testemunha perfeita. Mas. nós dois sabemos por que Carol morreu, naquela noite. — Podemos ter interpretações diferentes sobre isso. — Ah, sim! — Pelo jeito, ainda acredita que sua irmã foi uma vítima inocente. — Carol tinha só dezoito anos. E seu primo? Trinta? — Idade não tem nada a ver com intenções, srta. Standish, nem, necessariamente, significa inocência. — O senhor, naturalmente, é um especialista e pode julgar o que é inocência, não é? Ele ficou constrangido. Respirou fundo, para depois falar: — Uma vez julguei-a mal. Peço desculpas por isso. — Que coração nobre! — O cinismo ainda estava ali, presente e cruel. — Espera que eu me sinta agradecida por admitir que errou? Isso não muda o passado, e aliás nem estou aqui para relembrá-lo. Vim trabalhar e Bob Anderson está esperando por mim para começar. — Ele pode aguardar mais um pouco. — Michael Hunter estava impaciente. — Esperei trê ...

anos para poder lhe falar, e desta vez quero que me ouça. Sua irmã. — Eu me recuso! Há três anos ouvi todas as suas terríveis insinuações e não vou mais tocar nesse assunto! — Jo estava de pé, os olhos cheios de desprezo. — Vai, sim! Desta vez não deixarei que me vire as costas, Mary. Vamos esclarecer tudo agora. Já teve tempo suficiente para analisar de forma diferente tudo o que aconteceu. Michael tinha se levantado e ficou entre ela e a porta, impedindo-a de sair. — Não sou Mary, sr. Hunter, sou Jo. srta. Standish para o senhor. Também não sou sua funcionária. Vim aqui a trabalho, e isso não lhe dá o direito de falar comigo sobre assuntos particulares. —Ergueu bem os ombros. — A não ser que tenha negócios a tratar, vou sair agora de sua sala. Seus direitos se limitam unicamente ao trabalho que vim executar aqui. Michael era um homem alto, autoritário, assustador, e estava com uma expressão agressiva, mas, para surpresa de Jo, ele de repente sorriu, os olhos azuis se suavizaram e seu rosto voltou a esbanjar charme. — Você não mudou nada. — Ele segurou a mão dela. — Por favor, me perdoe por aborrecê-la. Venha e sente-se aqui. Vou pedir que nos tragam um café. Não se preocupe, agora vou conversar com você sobre o sistema de computação. Aquela mudança súbita a deixou desarmada. Acompanhou-o até um grande sofá e sentou-se, esgotada. Michael pediu o café pelo inter-fone. Jo apenas esperou, cansada demais para protestar. Mal havia começado o dia e já tinha coisas desagradáveis para enfrentar, como, por exemplo, Michael e Mark Hunter. Bem, pelo menos, este último ignorava quem ela era. — Quer um cigarro? — Não, obrigada, não fumo. — Incomoda-se, se eu fumar? — Não. Michael acendeu o cigarro e sentou-se na outra extremidade do sofá, a expressão séria e controlada. Jo esperou que ele iniciasse a conversa. Exteriormente estava calma, mas escondia um verdadeiro tumulto em seu íntimo. — J ...

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