Livro: Sempre ao seu lado Página 2

... tia Margareth calou-se por um instante, para em seguida continuar com grande firmeza de propósito. — Bem, muitas pessoas já decidiram que a igreja deve ser demolida. Por isso estou telefonando. — Para saber minha opinião? Você quer que. — Você venha para cá — tia Margareth completou a frase, impedindo que Kathy apresentasse qualquer outra alternativa. — Se não tiver outros planos, poderia vir este fim de semana. ou um outro dia que estiver livre. Gostaria que verificasse por você mesma e nos desse seu parecer. Se valerá a pena conservá-la ou não. Afinal, trata-se de sua especialidade, não é, querida? Ficará hospedada na minha casa, é claro. Adorarei sua companhia. Quase nunca me visita. — Num tom extre¬mamente persuasivo, acrescentou: — Diga que vem, por favor. Será muito importante para todos nós. — Mas. — Kathy tentou lembrar-se das vezes em que encontrara tia Margareth. Nos últimos anos, apenas uma vez, em Nova York. Fora um encontro quase Impessoal. Nunca estivera no apartamento Quinta Avenida e muito menos como sua hóspede. Porém, tia Margareth não estava mais em Nova York. Não correria riscos, nem perigos por ir a casa dela em Vermont. — É que. preferia evitar. — Situações embaraçosas, mas uma vez Kathy concluiu em seus pensamentos. — Querida, não há a menor chance de que tal aconteça. De jeito nenhum! Entendo perfeitamente como se sente, embora sempre tenha achado uma pena. Não se preocupe. Não há a mínima possibilidade. Levo uma vida tran¬qüila aqui e nunca comentei com ninguém sobre. bem, sobre aquela história. Apenas nós duas sabemos, além de Emma, minha governanta, é claro. Por favor, venha! Quero saber sua opinião a respeito da nossa igreja. Kathy pôde sentir a emoção contida na voz de tia Margareth, que respirou fundo para retomar o fôlego, antes de prosseguir: — Casei nessa igreja. Posso vê-la pelas janelas da minha casa, entre as árvores do jardim. Essa igreja represen ...

a uma parte da minha vida nesta cidade. Abomino a idéia de que poderá ser demolida sem ao menos sabermos se há uma chan¬ce. Considero um sinal divino que tudo isso tenha acontecido justamente quando você se tornou uma perita no assunto. Não é verdade? Por favor, diga que virá! Kathy não tinha muita escolha. Após anotar as explicações de tia Margareth para chegar até Vermont, desligou o telefone. Não tivera outra alternativa senão atender ao pedido de tia Margareth. Seria uma injustiça ignorá-lo. Devia muito à velha senhora. Uma dívida de gratidão que jamais poderia resgatar. Quando Kathy mais precisou de ajuda, não encontrou uma só pessoa ao seu lado. Somente tia Margareth com seu apoio e solidariedade. Não via qualquer inconveniente em passar al¬guns dias com ela, pois, segundo a própria tia Margareth, não correria o risco de enfrentar situações embaraçosas. A palavra embaraçosa abrangia um sentido muito amplo, mas, mesmo assim, jamais conseguiria traduzir o que Kathy sentiria se. — Que tragédia! Eu estar em pé a esta hora da manhã. num sábado! A lamúria, proferida no inconfundível sotaque texano, in¬terrompeu os devaneios de Kathy. Olhou para Luce, a atual companheira de apartamento. Quando Kathy alugou seu pri¬meiro apartamento, procurou alguém para dividir as despesas por medida de economia. Entretanto, mesmo depois que suas finanças se equilibraram, conservou o hábito de dividir o apar¬tamento com estudantes, geralmente da Brown University ou da Rhode Island School of Design. Sempre tivera sorte com as jovens com quem partilhara a casa, porém, Luce era aquela com quem mais se identificara. — Aposto como era seu patrão Malcolm — Luce comentou enquanto preparava seu café — mas ele não pareceria numa hora tão imprópria. — Também pensei que fosse ele — Kathy concordou Normalmente, não permitia criticas a Malcolm, que, além de patrão, era um grande amigo. Incentivara-a na carreira, oferecendo lhe ...

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