Livro: Nasce uma estrela Página 2

... a. — Por favor, não se ofenda — pediu o menino, percebendo sua reação. — Tenho o costume de desenhar as pessoas como se fossem animais. Acho que cada uma se parece com um bicho. Eu, por exemplo, sempre sou um esquilo nos meus desenhos. — Oh, não, não me ofendi, ao contrário, gostei muito. Posso ficar com ele? O garoto sorriu, aliviado, e Clarissa arrancou a folha. Estava entregando o bloco a Ted quando uma moça entrou na sala. — Srta. Harlowe, o sr. Garrett está à sua espera — disse, tentando demonstrar que o diretor nunca ficava esperando por ninguém. Clarissa colocou o desenho debaixo do braço e seguiu a moça, após despedir-se de Ted. Enquanto se dirigia para a sala do diretor editorial, pensava que tivera muita sorte de encontrar o pequeno desenhista, pois ele conseguira acalmá-la. Estava muito ansiosa, imaginando por que o todo-poderoso Garrett Hamilton a teria chamado. Já se avistara várias vezes com Elizabeth Ascher, sua editora assistente, porém nunca fora chamada pessoalmente por ele. Pelo que ouvira falar a respeito do sr. Garrett, estava certa de que não se dariam bem. Ele era conhecido como um dos editores prodígios de Nova York, um monstro sagrado que tinha o poder de construir ou destruir vidas com muita rapidez. A frase "uma mistura de diplomacia literária e de perseverança" veio-lhe à mente. Havia lido esse comentário a respeito dele em algum lugar. Estava ficando nervosa novamente. Gostaria de ter sido avisada sobre esse encontro com antecedência, assim talvez pudesse ter se preparado melhor. Fora à editora simplesmente para falar com Elizabeth Ascher, e de repente ficara sabendo que era Garrett quem desejava falar-lhe. A secretária anunciou-a e retirou-se. Clarissa entrou na sala e estacou, ao deparar com o homem que vinha em sua direção, a mão esticada para cumprimentá-la. Alto, esbelto, ligeiramente grisalho, ele não aparentava mais do que uns trinta e quatro anos. No rosto bonito e bronzeado, um ...

par de olhos muito azuis fitavam-na cordialmente, enquanto seus lábios se abriam num sorriso amável, deixando à mostra uma fileira de dentes brancos e perfeitos. Garrett Hamilton era um homem muito atraente. — Srta. Harlowe, sei que é um tanto assustador para jovens escritores conhecer um diretor editorial, mas posso lhe assegurar que não sou o monstro que me pintam por aí. Clarissa nada respondeu e continuou a olhá-lo. Não estava assustada, e sim surpreendida por ele ser bem diferente do que imaginara. — Sente-se, por favor — disse ele, apontando para a poltrona em frente da mesa. — E pare de me encarar desse jeito. Vou preparar-lhe um drinque. A arrogância do seu jeito de falar irritou-a, mas Clarissa achou mais prudente não fazer comentários. Observou-o enquanto ele lhe servia a bebida, pegou o copo em silêncio e tomou um gole da bebida. Algo em seu íntimo lhe dizia que aquele homem iria lhe causar sérios problemas. Pronta para se defender de qualquer coisa, esvaziou o cálice, respirou fundo e olhou para ele com ar de desafio. Durante alguns segundos que pareceram intermináveis, Garrett Hamilton inspecionou-a de cima a baixo, bem devagar e em silêncio; depois disse: — Pessoalmente, você é ainda mais jovem do que aparenta por fotografia. Vejo que temos uma estrelinha em nossas mãos. Clarissa precisou esforçar-se muito para responder, com a voz mais calma que poderia emitir: — Não estou interessada em ser uma estrela. Sou uma escritora! Garrett deu uma risada de satisfação e cruzou os braços sobre o peito musculoso. — Parece que sim. Pelo menos, seu primeiro romance já é um sucesso de crítica e vendagem na Inglaterra, e, logo que for editado aqui, sei que também irá pelo mesmo caminho. E agora. — olhou para o pacote que ela havia colocado sobre a mesa — . imagino que haja um segundo romance, não? É uma façanha para uma mulher tão jovem. Ela o olhava com ódio, e não conseguia encontrar nada bastante mo ...

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