Livro: Um Segredo de Mulher Página 4

... pretendia assediando um homem como ele? Não imagina com quem está lidando. - Eu não estava assediando ninguém. Apenas fui até aquela mesa porque você duvidou de que eu o fizesse. Queria que visse que, de fato, o sr. Falcon estava olhando para mim. E você viu, não viu? - Claro que vi, Catie. A ponto de o sr. Falcon brigar por você. É inacreditável! - exclamou Rebecca, ainda meio tonta pelas doses de rum que havia tomado. - Acho que os policiais estão chegando. Por hoje, a confusão terminou. - Catie levantou-se com cuidado. A escaramuça chegou ao fim. Fregueses e briguentos evadiam-se rápidos entre mesas e cadeiras quebradas, rumo à saída. Alguns, atordoados, tentavam recompor-se. Catie, angustiada, procurou por Anthony. - O falcão dourado sumiu, Catie - disse Rebecca. - Alçou vôo, e acho que nunca mais porá os pés nesta taverna. Em poucos minutos, o lugar ficou vazio. Alguns homens, ainda machucados, se retiraram, apoiados por amigos. O estado da taverna era desolador, com cadeiras e mesas, garrafas, pratos e canecas quebradas por todo lado. Catie suspirou, sonhadora. - É melhor se esquecer de Anthony Falcon, querida. Basta de problemas por hoje. E o velho Ben não parece satisfeito, Catie Willman. Ben Hazard se aproximou com a fisionomia carrancuda. Tudo indicava que Rebecca, mais uma vez, estava com a razão. Avaliando os estragos, ele se dirigiu a Rebecca: - Ande, vá até lá dentro buscar balde e escovão. Quero a taverna em ordem antes de fechá-la. Não gostaria que os vigilantes vissem essa bagunça. A moça se retirou, contrariada, curiosa de assistir à reprimenda que Ben havia reservado à companheira. Catie, no entanto, adiantou-se: - Desculpe-me, senhor. Eu não queria causar problemas. - Não diga isso. Você não teve culpa. Infelizmente, nossa clientela é assim mesmo. Homens brutos, insensíveis, brigões. Quero dizer-lhe algo, srta. Catie. Sua dedicação e interesse no trabalho sempre me impressionaram. Talvez ...

possamos compartilhar de outra forma as agruras deste negócio. - O senhor me desculpe, sr. Hazard, mas não estou entendendo. Catie, amargurada, conhecia as intenções de Ben e recordou as palavras de Rebecca. Benjamin Hazard pigarreou e perguntou: - Como eu poderia ser mais direto e mais claro? Uma taverna, para tornar-se próspera e respeitável, necessita dos olhos vigilantes de uma mulher. Ao observar seu comportamento, cheguei à conclusão de que é a pessoa indicada para isso. Tenho grandes planos para você, Catie. A esposa de um taverneiro tem de ser séria e respeitável. Os incidentes desta noite. \\"A esposa de um taverneiro!\\" Catie arregalou os olhos, surpresa. - Desculpe-me, sr. Hazard, mas jamais falamos nesses termos. - Se não toquei antes no assunto, foi porque não havia encontrado as palavras para expressar meu desejo. Seja sincera, Catie: você conseguiria uma oportunidade melhor do que esta? Trabalho, segurança, dinheiro. Tudo isso está a seu alcance. Uma lágrima correu dos olhos tristes de Catie. Ben estava sendo mais do que razoável. Oferecia-lhe amparo e a oportunidade de manter, sem sobressaltos, sua pequena propriedade no campo. Esse era um sonho que Catie alentava desde que abandonara a fazenda de seu pai adotivo. Mas casar-se com Ben Hazard era uma perspectiva assustadora. Catie pensou em An-thony Falcon. Incapaz de dar uma resposta, em um movimento brusco, voltou-se e fugiu para a cozinha. Abriu a porta dos fundos e correu para o pátio. Sentada à beira do velho poço, Catie chorou. Não queria parecer orgulhosa ou mal-agradecida, mas não conseguia imaginar-se casada com Ben Hazard. Afinal, Catie, em seus quase dezessete anos, sonhava encontrar um príncipe encantado alto, forte, de cabelos loiros e olhos azuis. Ben Hazard, homem de meia-idade, era o inverso: obeso, desleixado com as roupas, sempre com a barba por fazer. Catie suspirou fundo, acalentando sonhos. Uma voz interrompeu seu devaneio: - Você foi respon ...

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