Livro: O Mistério de Damian
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... Charlotte Lamb Haunted 1983 Apenas o cantar dos pássaros e o murmurar do rio passando entre as pedras cortavam o silêncio daquele trecho do bosque. A tentação era forte demais. Impulsivamente, Elisabeth tirou toda a roupa e mergulhou. Um delicioso prazer se apossou dela quando sua pele quente foi envolvida pela água fria, lavando todos os seus medos, toda a angústia. Fora da água sentiu-se gelar e saiu torcendo os cabelos que pingavam. Foi então que viu o vulto atrás das árvores. Outra vez aquela visão: o perfil elegante, o mesmo modo de caminhar. mas Damian, o seu grande amor, estava morto! O vulto se aproximou mais e então ela distinguiu os mesmos olhos negros de Damian. Alucinação? Loucura? Ou estava vendo os olhos de Damian no rosto de outro homem? CAPITULO 1 Elizabeth sequer prestara atenção ao nome dele. Na realidade, mal olhara para aquele homem desde que tinham sido apresentados. Ele falava praticamente sozinho. Era pequeno e magro, de aproximadamente 30 anos de idade, vestia roupas caras e tinha um forte sotaque do Bronx. Ela olhava distraidamente para o enorme anel de ouro que brilhava em um de seus dedos. Aquela era uma reunião profissional, mas ele não era um dos clientes da firma, o que permitia a Elizabeth divagar e ser educada, sem dar muita atenção ao que ele dizia. Ela estava admirando os inúmeros quadros pendurados na parede do sofisticado apartamento de cobertura, quando um deles causou-lhe um sobressalto. Não o tinha visto antes, meio escondido atrás de uma enorme samambaia. Como se lembrava daquela tela! Sentada na margem do rio, ela vira quando Damian a pintara: retratava o rio, frio e tranqüilo, verde e prateado, com salgueiros nas margens e gansos selvagens voando sobre ele, os peitos das aves de um tom cinzento, que se repetia, no céu tempestuoso. — Ele tinha uma técnica esplêndida — comentou o homem e Elizabeth olhou para seu interlocutor, sem saber ao certo a quem ele se referia. — Desculpe ...

? — Damian Hayes — disse ele. —- É para o quadro dele que estava olhando, não? Ele o pintou há uns dois anos, mas depois seu estilo mudou. Ele ficou mais agressivo, entende? Elizabeth entendia perfeitamente. Olhou outra vez para a tela e viu o rosto de Damian: um rosto sério e duro, onde brilhavam dois olhos negros. Sempre que o rosto dele assumia aquela expressão, ela se exasperava. Tentara tudo para esquecê-lo, até fugindo e colocando o oceano Atlântico entre os dois. Já fazia tanto tempo que não o via! No entanto tinha a impressão de que fora ontem que seus olhos tinham acompanhado cada pincelada daquele quadro. O tempo encurtava, depois se alongava, a deixava zonza. Dois anos sem ver Damian, e, entretanto, a presença daquele homem não se apagara de sua memória. E não acreditava que ele tampouco a tivesse esquecido. Às vezes acordava no meio da noite e tinha certeza de que Damian estava pensando nela. Era uma experiência estranha, como se ele estivesse tentando alcançá-la do outro lado do mundo. Nessas ocasiões, sentava-se na cama, tremendo. Por isso não ousara voltar à Inglaterra. Queria manter distância dele, e temia que Damian aparecesse em Nova York. Elizabeth não dissera a ele que ia para os Estados Unidos, e fizera a família manter segredo sobre seu paradeiro, caso ele viesse a procurá-la. Todavia nunca se sabe quanto tempo um segredo pode durar. Alguém poderia descobrir que ela agora trabalhava em Nova York e contar a Damian. — Uma tragédia — falou o homem a seu lado. Elizabeth que não tinha ouvido o início da história, escutara apenas aquelas últimas palavras. — Uma tragédia.? — indagou ela, ainda sem compreender do que ele falava, um sorriso ausente nos lábios. — A morte dele — completou o homem, visivelmente aborrecido. — Morte de quem? — perguntou ela, sem poder acreditar que ele estava se referindo a Damian. — Hayes — disse o homem, irritado. — Você não estava prestando atenç� ...

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