Livro: A máquina da ilusão
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... – Susan Napier Copyright 1987 by Susan Napier Título original: True Enchanter Copyright para a língua portuguesa: 1991 Digitalização: Afrodite CAPÍTULO I – Srta. Carson! Srta. Carson! – gritou a garotinha de cabelos escuros para atrair a atenção da figura nervosa na boca do gol. – Agora não, Teresa! – retrucou Joanna, meio de lado, mantendo os olhos fixos no campo. — Preciso me concentrar. Estamos perdendo de goleada. Se eu levar outro gol, vão me deixar de lado no próximo jogo. O pior de tudo é que seria deixada de lado de qualquer maneira. Aliás, como sempre. Apesar do entusiasmo por esportes, a falta de habilidade e a miopia sempre a haviam deixado na reserva em qualquer modalidade. Quando criança, compensara as deficiências competindo em todas as modalidades, com fervor quase religioso, mas, agora, aos vinte e três anos, já se conformara em jogar mal. De qualquer maneira, seu entusiasmo nunca arrefecia, o que por certo lhe garantira a posição de goleira, naquele jogo de hóquei de fim de período letivo, entre o time de professores e o de alunos. Pensaram que no gol ela não causaria muitos danos. – Mas, srta. Carson, o sr. McKinlay mandou chamá-la – choramingou Teresa. – Não posso ir agora – replicou Joanna, arfante, correndo para frente e para trás, na boca do gol, em crescente ansiedade à medida que um bando de corpos engalfinhados se aproximava agitando bastões. – Mas você tem que vir! – exclamou a garotinha, com um tom de voz urgente. – Há alguém esperando para vê-la. – Vai ter de esperar – disse Joanna, erguendo os protetores de perna que teimavam em escorregar-lhe pelas canelas finas. – Não pode. Está com muita pressa. Tem que pegar um avião ou coisa assim. Você tem que vir. Por favor, srta. Carson. – Você sabe quem é? – indagou a professora, espiando por detrás dos velhos óculos de aro, escolhidos para combinar com o tradicional conjunto de ginástica ...

reto do time dos professores. Como gostaria de estar com as lentes de contato! Para dificultar-lhe ainda mais a visão, o chapéu panamá, enterrado até as orelhas, tinha uma aba que lhe caía sobre os olhos. Os atacantes estavam cada vez mais próximos, e aquela era a grande chance de fazer uma defesa dramática, desde que soubesse com quem andava a bola. Piscando com horror, observou que esta se encontrava com o capitão do time adversário. – É Richard Marlow, o astro de cinema! – gritou Teresa, de forma estridente, incapaz de conter a excitação. – O quê? – perguntou Joanna, virando a cabeça ligeiramente para o lado. Aquele segundo de distração foi o suficiente para que a bola passasse zunindo pelo rosto de Joanna, com toda a força, ricocheteasse na rede e a atingisse no pescoço. Gritando, com lágrimas nos olhos, tropeçou no protetor de perna, que deslizara novamente; e estirou-se no gramado, quase incapaz de ouvir os “vivas” dos estudantes e os xingamentos dos colegas. – Oh, Deus! Desculpe, srta. Carson – disse alegremente o capitão do time estudantil. – Pensei que ia sair do caminho, como da última vez. – Da última vez, a bola estava entrando, não saindo ela respondeu, sentando-se e esfregando o pescoço, ainda tonta com a rapidez da calamidade. – Não esperava que ela se esgueirasse atrás de mim. – Foi um belo tombo – disse, solidário, o professor de Economia Doméstica. – Melhor você sair um pouco, revezar com outra pessoa. Olhando para os sorrisos de alívio dos colegas, Joanna se ergueu do gramado. – Se aquela bola era minha, deveria levá-la para casa – ela replicou, com raiva, enquanto lutava para desamarrar as fivelas dos protetores de perna. – Mas não vai – brincou o professor que veio substituí-la no gol –, pois é boa esportista e graciosa perdedora. – Tenho muita prática – respondeu Joanna ao deixar a cena da queda sentindo a tensão dos músculos do pescoço frustrar suas t ...

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