Livro: Segredos Perigosos - Chantelle Shaw Página 2

... tas, de modo que Libby se viu de frente para um par de ombros espetacularmente largos e cobertos por um casaco de camurça comprido. Ele estava perambulando pela loja. Era tão alto que a cabeça quase esbarrava nas vigas do teto, deixando-a ciente da força inata daquele corpo grande e forte. — Em que posso ajudá-lo? — perguntou Libby com um sorriso simpático, que vacilou quando o estranho girou e a encarou com penetrantes olhos escuros. Não se tratava de um turista comum, pensou ela. Na verdade, não havia nada de comum naquele homem. O cabelo, tão brilhoso e negro quanto as penas de um corvo, estava penteado para trás. As feições bem delineadas, a face bem escanhoada e o queixo quadrado eram suavizados pela curva sensual dos lábios. A pele morena tinha um brilho acetinado sob a luz clara da loja. Era, sem dúvida, o homem mais deslumbrante que Libby conhecera. Não conseguia desviar o olhar e corou quando os olhos do desconhecido se estreitaram, fitando-a, especulativos. Raul deixou o olhar vagar pela saia estampada em tons de púrpura e a blusa verde-limão e deu de ombros. O estilo cigano chique podia estar em alta nas passarelas de Paris recentemente, mas preferia mulheres com aparência elegante e vestidas de maneira sofisticada. O estilo hippie em nada lhe agradava. Porém, a jovem era surpreendentemente bela, e Raul reconhecemos essa beleza enquanto estudava a face oval de ossos malares proeminentes, emoldurada por uma cascata de cachos ruivos que lhe caíam até o meio das costas. A cor vivaz contrastava com a pele clara como alabastro, e mesmo quase um metro distante podia ver as sardas douradas que lhe salpicavam o nariz e as faces. Os olhos, que possuíam o mesmo verde-azulado profundo do mar em dia de tempestade, observavam sob os cílios longos e dourados. De algum lugar, lhe veio à mente a idéia de que os lábios rosados e macios haviam sido feitos para serem beijados. Franzindo a testa diante do incômodo rumo de seus pensamentos, ba ...

xou o olhar e fez uma careta para a meia-calça verde-limão e as botas cor púrpura antes de voltar a se focar na face da jovem. Os lábios estavam levemente entreabertos, o que só servia para deixá-los ainda mais atraentes. Se estivesse vestida com um traje exclusivo em vez daquela indumentária extravagante, estaria excepcionalmente bela, concluiu Raul, irritado com a inesperada atração sexual que a jovem lhe despertou. Contraiu a mandíbula. Controlou-se duramente. O assunto que tinha a tratar era com a amante do pai e não com aquela balconista, pensou ele, suprimindo a incômoda ânsia de se apossar daqueles lábios sensuais. — Estou procurando Elizabeth Maynard — disse abruptamente. A voz era grave, encorpada e sensual, como chocolate derretido. O sotaque acentuado o tornava ainda mais sexy. Italiano, Libby arriscou um palpite enquanto observava a pele dourada e os olhos negros. Não era todo o dia que um homem incrivelmente sensual entrava na loja. Na verdade, fora a única pessoa que entrara lá durante toda a manhã, pensou tristonha. A boa educação recomendava que lhe respondesse, mas Libby tivera uma infância pouco convencional. Esconder-se dos agiotas ou falar com policiais pela fresta da porta enquanto a mãe escapava pela janela do banheiro foram ocorrências comuns, que a tornaram instintivamente cautelosa com estranhos. Outro pensamento se infiltrou na mente de Libby, causando-lhe um frio na barriga. Na verdade, aquele homem não parecia um assistente social, como tantos que conhecera na infância, mas estaria ali por causa de Gino? — Quem é você? — indagou Libby em tom ríspido. Raul franziu a testa. Passara a maior parte de sua vida cercado por criados, cujo único dever era agradá-lo e atender aos seus comandos sem questioná-lo. Não via razão em se explicar para uma atendente de loja. Os olhos escuros se estreitaram enquanto ele lutava para controlar a impaciência. — Meu nome é Raul Carducci. A jovem exalou um pro ...

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