Livro: Uma Noite no Deserto Página 2

... fra estruturas e a chance de desenvolver fontes de energia sustentáveis no país. Tudo isso ajudaria a colocar Harrat Salma na vanguarda. Mesmo enquanto ele conversava com um grupo de pes¬soas, sorrindo e fazendo comentários apropriados para mos¬trar que estava atento, a mente de Karim trabalhava no seu plano de negócios. Todavia, subitamente alguma coisa — como um sussurro intuitivo em sua cabeça — o fez virar-se. A mulher no outro lado da sala chamou-lhe a atenção, embora estivesse claramente vestida para ser invisível em vez de brilhar. Seus cabelos eram castanhos, presos na nuca. O vestido preto era simples e elegante. Ela usava sa¬patos de saltos baixos e nenhuma jóia. O rosto estava des¬provido de maquiagem. Estranho, muito estranho. Ela era o oposto total dás mulheres que ele usualmente namorava. Embora vestida para ser ignorada, ela não conseguiu passar despercebida, uma vez que era bonita na sua simpli¬cidade. E alguma coisa nela o atraía como se houvesse al¬gumas conexões entre eles. Karim nunca a vira antes, pois certamente se lembraria. Não tinha idéia de quem era à mulher, mas, naquele mo¬mento, queria muito saber. E mesmo que estivesse estabe¬lecendo uma rede de contatos, poderia permitir-se cinco minutos de folga. Tempo suficiente para descobrir quem ela era e convidá-la para jantar. Ela estava conversando com Felicity Browne, a anfitriã. Karim disfarçadamente escapou do grupo e atravessou o salão em direção às duas mulheres. Quando a conversa ter¬minou e ela se virou, ele apressou o passo e abordou-a. — Olá. — Olá — disse ela educadamente, e Karim notou o leve sotaque do sul de Londres. E, bem de perto, podia pode ver que os olhos eram azul-acinzentados. Sérios e tranqüilos. Definitivamente não como os das mulheres que ele usualmente namorava. — Você não está bebendo nada — comentou ele, conduzindo-a em direção a um garçom com uma bandeja de copos. — Porque não estou realmente aqu ...

— disse ela. Embora ela obviamente almejasse parecer casual e re¬ceptiva, Karim era treinado a observar pequenos detalhes. E notou que ela estava levemente perturbada. Uma vez que a vira conversando com Felicity, poderia apostar que ela era integrante do staff de Felicity. Talvez a moça estivesse preocupada por não estar apropriadamente vestida para uma festa. Principalmente uma festa para qual não fora convidada. Bem, ele poderia dar um jeito nisso. — Vamos para algum lugar mais tranqüilo — disse Karim. — Vou arranjar-lhe um drinque antes. — Obrigada, mas não bebo. — Então, tome água mineral. — Ele pegou dois copos da bandeja do garçom e entregou-lhe um. Uma rápida che¬cada disse-lhe que a repórter havia realmente deixado a fes¬ta. Ótimo. Agora ele podia relaxar. Enfiou o braço livre dela através do seu antes de condu¬zi-la para as portas que levavam ao terraço. OH, SOCORRO, pensou Lily. Ela havia entrado na sala apenas por alguns momentos — muito quieta e discretamente — para checar se Felicity estava feliz com tudo. Então, pretendia voltar à cozinha e verificar os pudins. Com toda certeza, não tivera a intenção de deixar-se ser interceptada no caminho daquela maneira. Mesmo que ele fosse o homem mais maravilhoso que Lily já tivesse visto na vida. Ele estava vestido como o resto dos convidados homens, em um terno formal e uma camisa branca pregueada. A gra¬vata borboleta de seda preta era visivelmente feita a mão. Uma rápida olhada para seus sapatos pretos a informou que também eram feitos a mão, e o corte do terno era impe¬cável e naturalmente muito caro, julgando pelo toque do tecido contra seus dedos. Tudo nele alardeava riqueza. Bem, só podia ser. Felicity Browne era poderosa em ter¬mos financeiros, assim como seus convidados. Lily havia conhecido alguns antes — até mesmo cozi¬nhado para eles —, mas nunca o vira. Teria se lembrado. Ele tinha o mesmo sotaque da maioria dos homens na sala ...

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