Livro: Vítima do desejo Página 2

... a, tentando imaginar quem poderia ser. Só não queria que fosse Adrian. Jancy? - perguntou a voz do outro lado da linha. Só uma pessoa a chamava assim. - Sophie! - exclamou, surpresa e alegre. Ninguém conseguia ficar triste com Sophie por perto. - Eu estava justamente pensando em você! - Antes de mais nada, parabéns pelo seu aniversário, ontem. Desculpe o atraso, tá? Gostaria de ter ligado no dia, mas tive probleminhas com meus pais. Típico de Sophie, pensou Jancis, divertida e feliz com o telefonema da amiga. - O que você aprontou agora? - perguntou, sabendo que "probleminhas com meus pais" poderia ser traduzido por "eles não me deixam fazer nada\'". - Nada, juro! Tenho sido um anjo, você nem acreditaria. O problema é que aqui tudo me aborrece. - Por que não vem passar uns dias comigo? - sugeriu Jancis. - Adoraria ver você. - Contou em seguida a respeito da viagem de William, que poderia ser bem longa, e também que estava se sentindo deprimida. Foi o que bastou para que Sophie aceitasse ir passar com ela o fim de semana. - Tudo bem, eu posso ficar no quarto de William. - E acrescentou, animada: - Já aprendi a cozinhar. Não é fantástico? Jancis segurou a risada. Sophie na cozinha devia ser algo para se morrer de rir. - Não se preocupe com isso. Há cinco anos que venho cumprindo muito bem as tarefas domésticas, inclusive cozinhar. Acho que posso dar conta de nós duas. Quando você vem? - Agora! - respondeu Sophie prontamente, como se já tivesse arrumado suas coisas antes de ligar para ela. - O que temos para hoje à noite? Sabendo que a amiga se recusaria a ficar em casa em pleno sábado, Jancis acabou contando ainda que contra a vontade, sobre atal festa de Rose. - Ótimo! - exclamou Sophie. que nunca se inibira por estar em qualquer lugar sem ter sido convidada. - Já estou indo. Jancis desligou e tratou de arrumar o quarto de William para receber a hóspede inesperada. Trocou os lençóis e arranjou, num vaso, algumas ...

flores, para que alegrassem a atmosfera sóbria que tanto agradava ao irmão. Feito isso, preparou-se para respirar um pouco e gozar aqueles momentos de paz até que Sophie chegasse, acabando, com sua alegria e vivacidade, com o sossego do apartamento. Meia hora mais tarde, a campainha anunciava que a hóspede acabava de chegar. Sophie! - exclamou Jancis. com um sorriso caloroso, assim que abriu a porta e deparou com a amiga. - Entre! O que está esperando? O sorriso cedeu lugar ao espanto, quando, ao baixar os olhos para a bagagem, Jancis viu duas malas enormes e mais uma frasqueira, o que, evidentemente, era um pouco exagerado para quem planejava ficar fora só um final de semana. - É que eu nunca sei o que vestir - disse Sophie, como a se desculpar, os olhos azuis fitando, inocentes, os olhos verdes de Jancis. - Pelo jeito, você trouxe tudo o que tinha em casa - replicou ela, sorrindo e ajudando a amiga a carregar as malas para dentro. - Ah, como eu adoro o seu apartamento, Jancis! Você é tão feliz, morando sozinha! - opinou, tirando os sapatos e se refestelando no sofá. - Que maravilha não ter os pais no calcanhar da gente o tempo todo! O sorriso de Jancis foi sumindo aos poucos. Sophie não se dera conta de que ela não morava sozinha, ou melhor, com William, por escolha própria. Vivia assim porque o pai, há quatro anos, resolvera que os filhos iriam atrapalhar seus planos e insistira para que saíssem de Little Bramington para tentar a vida sozinhos. O que ele não admitira, mas que havia ficado claro, ao menos para Jancis, era que ela e William tiravam a liberdade do pai, que costumava levar suas incontáveis namoradas para casa. - Ai, meu Deus, acho que eu disse uma besteira! - Sophie desculpou-se, ao notar que Jancis tinha ficado triste com aquele comentário. - O divórcio de seus pais ainda machuca você, não é? - Não - respondeu Jancis, forçando um sorriso. - Foi triste 8 quando aconteceu; odiei o fato de meu pai ter ven ...

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