Livro: Uma lady fora da lei Página 2

... a as vidas de diversos homens corajosos e as das mulheres que os amaram. O resultado — repleto de magia e colorido — cons¬titui um dos mais adorados contos de todos os tempos, reunindo dois jovens amantes: ele, um defensor da justiça e um cavaleiro que reivindicava a antiga glória de sua família; ela, uma mulher ousada, determinada a apoiar o legítimo rei de seu país graças ao único méto¬do possível: unir-se ao bando de Robin Hood. Capítulo I Inglaterra, inverno de 1193 Estava escuro na floresta. Tétrico. A lua pairava alto, contemplando a terra como um olho gigante, entrando e saindo de nuvens que ameaçavam engolir sua luz prateada. Galhos retorcidos se assemelhavam a mãos monstruosas, no afã de agarrar os três cavalos e respectivos ginetes, que ousavam perturbar a solidão da noite. O vento açoitava a face de Kendrick de Bron, como se o prevenisse para não avançar demais. Parecia que alguém vigiava seu percurso, mas quem? — Não gosto nada disto, milorde. — Nem eu — Kendrick retrucou. — Não é. não é melhor darmos meia-volta? — A voz de um dos dois criados que o acompanhavam soou trêmula de medo, enquanto ele varria ansiosamente os arredores com o olhar. — Retornar? — Por um instante, Kendrick ficou ten¬tado a desistir daquela loucura e regressar à França, onde se abrigara nos últimos cinco anos. — Não. Vamos em frente. Além de não ser covarde, Kendrick havia se demora¬do demais na volta ao lar. O príncipe John, que governa¬va durante a ausência do irmão, necessitava de aliados. E essa poderia tornar-se a única chance de Kendrick recuperar as terras inglesas tomadas de sua família. Caso conseguisse alinhar-se politicamente com o gover¬nante da França, poderia tirar bom proveito daquela longa viagem. — Maldito Ricardo — ele resmungou, sem motivo para ser leal ao rei depois do que este lhe tinha feito. Não satisfeito em aguardar sua herança, nem pro¬porcionar ao pai, Henrique ...

I, uma velhice tranqüi¬la, Ricardo havia se aliado aos inimigos dele, mais de uma vez. Kendrick, seu tio Geoffrey de Bron e cada um de seus irmãos tinham apoiado o velho rei, por dever de consciência. Mas também foram recompensados quando Henrique saiu vitorioso dos embates contra os filhos e seus mercenários. Já idoso, o ex-soberano se pusera em campo em di¬versas ocasiões, contudo fora derrotado após a aliança de Ricardo com Felipe, da França. Depois de oferecer-lhes feroz resistência, caiu doente e, com uns poucos soldados remanescentes, retirou-se para Chinon, no coração das terras dos Angevinos. Felipe e Ricardo, porém, arrasaram a Normandia e o Maine, forçando o rei enfermo a fugir para Ballan e aceitar uma humilhante rendição. Teve de reconhe-cer suas propriedades francesas como pertencentes a Felipe e colocar-se nas mãos dele, enquanto Ricardo I não herdasse os domínios dos Plantagenetas, que incluíam a Inglaterra. O sábio Henrique II foi carregado de volta a Chinon numa liteira, e ali soube que seu filho predileto, John, também lutara contra ele. Morreu pouco tempo depois, delirante. — Tudo isso pela honra de filhos traidores. — resmungou Kendrick. A lealdade dos De Bron a Henrique II acabou punida quando Ricardo I sagrou-se rei. As terras da família, na Normandia, foram confiscadas. Apesar de terem servi¬do à Coroa inglesa por muito tempo, como conselhei¬ros, agora os De Bron estavam às turras com Ricardo Coração de Leão. Em particular, Kendrick era consi¬derado \\"perigoso\\", por não guardar para si suas opi¬niões. A família De Bron foi declarada indesejável na Inglaterra e exilada em desgraça. — Mas Ricardo mantém-se ausente do palácio. O as¬tuto lobo inglês agarrou a Coroa, tomou o poder e logo partiu em mais uma Cruzada. Seria John, o príncipe regente, tão duro de lidar quan¬to o irmão? Concordaria em devolver as propriedades da família De Bron? Ou pagaria seu justo valor? Kendrick gostava ...

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