Livro: Encontro com o destino
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... Julia nº 12 Lord of la Pampa KAY THORPE Digitalização e Formatação - Joyce Revisão - Jeanne Resumo Trabalhar naquela companhia de danças representava a grande chance na vida de Lian. No entanto, quando ela chega a Buenos Aires, descobre que a companhia tinha partido para outro país. Sozinha e sem dinheiro, pede ajuda a Ricardo Mendoza, um homem prepotente, que concorda em tirá-la das dificuldades em que está metida mas cobra um alto preço: Lian tem de casar-se com ele no dia seguinte. Ter uma esposa — mesmo que só no papel — é a única maneira de impedir que seu meio-irmão herde a estância do pai. No prazo de seis meses o casamento seria anulado e Lian nunca mais veria aquele homem cruel. Mas Ricardo tinha outros planos. . CAPÍTULO I O argentino falou em castelhano, mas o sentido de suas palavras era tão claro que Lian não pôde deixar de compreender. Afastando a bebida que nem tinha tocado, ela moveu a cabeça e se levantou, ajeitando o vestido negro. — No — disse com hesitação —, nada más. Discúlpeme, senor. Ele também se levantou, espantado: — Que pasa? No comprendo. Nas mesas vizinhas, algumas pessoas olharam curiosas. Os olhos de Lian encontraram o olhar cínico do homem sentado atrás de seu acompanhante e ela corou. O que ele estava pensando era óbvio: o mesmo que pensava o homem sentado em sua mesa. Como foi tola em não perceber que espécie de lugar era aquele e o que esperavam dela! Não estava em Londres. Estava em Buenos Aires, uma cidade estranha de um país estranho. Nunca sentira tanta solidão quanto naquele momento. — Siéntese, por favor — pediu o argentino, acrescentando em voz mais baixa: — Cuánto vale? Lian procurou palavras para lhe explicar que estava enganado, mas não encontrou. As frases feitas aprendidas nos livros não se ajustavam a situações como essa, percebeu quase histérica. Podia levantar e sair, mas duvidava que a situação pudesse ser resolvida com tanta fac ...

lidade. Encontrou novamente o olhar do homem da mesa ao lado, e respirou fundo antes de lhe perguntar: — Habla usted inglês? — Sim — respondeu num inglês excelente, embora carregado. — Precisa de intérprete? — Agradeceria muito se explicasse a ele que não. . . nâo sou o que ele pensa. Está havendo urn engano. — Você trabalha aqui no clube, não? — Trabalho. — Ela estava vermelha de vergonha. — Mas não nesse ramo. Por favor, senor. . . — Não terminou a frase, percebendo que estava chamando a atenção dos vizinhos de mesa. Viu que o proprietário do clube atravessava o salão lotado e cheio de fumaça em direção a eles. Era o mesmo argentino gordo e careca a quem se sentira tão grata quando lhe ofereceu aquele emprego. Por que então parecia agora tão diferente? Ela sabia a resposta, claro. Com certeza desde o começo ele pensou que ela ia aceitar entreter os clientes sob todos os aspectos. Estava metida nessa situação constrangedora por culpa de sua ridícula ingenuidade. O homem dos olhos cínicos encolheu os ombros, como se não acreditasse nela e dirigiu-se ao companheiro de Lian num castelhano tão rápido e fluente que ela mal conseguiu entender algumas palavras. Depois, repetiu a explicação para o proprietário num tom ríspido. — Perdóneme, Senor Mendoza — implorou o proprietário. E pegando Lian pelo braço levou-a à mesa dele, com mais pedidos de desculpas. Sem entender nada, ela encarou os olhos negros que a observavam com desprezo. O rosto do Senor Mendoza não era tranquilizador, suas feições eram duras. Vestia um casaco branco que realçava a largura dos ombros e uma camisa de seda. Era alto e esbelto, e uma espécie de força emanava dele. Assustava-a um pouco. — Não sei o que disse a eles, mas agradeço por ter me ajudado. — Se não gostou da aparência do homem, não devia aceitar sua companhia — o tom dele era irônico. — Ele parecia agradável, e além disso esse é o meu trabalho ou ...

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