Livro: Case comigo outra vez Página 2

... �s da linha de piquete, a mais de cem metros do local. Todos poderiam ser assassinos em potencial, pensou. Da jovem mãe sorridente com uma criança no colo ao trio de homens de cabelos escuros, reunidos à margem da multidão. Estreitando os olhos, fitou os três. Eles se ajustavam a um perfil que era politicamente correto ignorar, mas Shane era do Serviço Secreto e não podia se deixar levar pelas aparências. Lembrou-se dos episódios com a Al-Qaeda e a adrenalina tomou conta do seu sangue. De imediato, passou pelo rádio transmissor uma mensagem codificada a outro agente mais próximo deles. Era melhor se prevenir do que se arrepender. — Está tudo bem? — Elysee pôs a mão no cotovelo dele. — Sim, senhorita. — Senhorita? Bancando o formal comigo, agente Tremont? — Os olhos da jovem cintilaram. — Estamos em público. E estou em alerta máximo. — Ele resistiu à vontade de sorrir. — A multidão me parece bem tranqüila. — Há alguns manifestantes na calçada. — Eles estão em toda parte. Mas normalmente aparecem em maior número. — É porque é você que está aqui e não o seu pai. Poucos querem protestar contra uma verdadeira dama. — Ora, ora, agente Tremont. — Um sorriso suave brincou nos lábios de Elysee. — Que coisa mais cavalheiresca para se dizer. Shane piscou para ela, fazendo seu sorriso se alargar. — Sua gravata está torta — Elysee disse, aproximando-se para ajeitá-la. — Agora, sim! Shane, Elysee e o restante da comitiva se encontravam sobre uma pequena plataforma suspensa. Uma grande escavadeira amarela e vários outros veículos pesados de construção tinham seus motores ligados, prontos para ser acionados no instante em que Elysee cortasse a grossa fita vermelha. Alguns membros do comitê tinham decidido que uma coreografia dos equipamentos de escavação seria algo mais cinematográfico do que se Elysee cavasse a terra com uma pá. Porém, no final das contas, aquilo não fez diferença. Um devas ...

ador furacão no litoral da Carolina do Sul atraíra hordas de repórteres para lá, e apenas alguns jornalistas tinham comparecido à cerimônia de inauguração. Shane voltou sua atenção para a filha do presidente. Fora designado para acompanhá-la nos últimos treze meses e, durante esse período, tinham se tornado amigos bastante próximos. A relação entre um guarda-costas e o protegido já levara muitos companheiros seus ao psiquiatra. Elysee lhe contava coisas que não podia dizer a mais ninguém. Ele escutava, era solidário e mantinha a boca fechada. A intimidade criara uma relação especial entre os dois. Shane gostava de Elysee, embora ela fosse sete anos mais jovem que ele. Aquele laço emocional inesperado era algo para o qual não se encontrava totalmente preparado. Elysee tinha uma voz suave, opiniões sérias, era delicada e sensível. Amava com intensidade e sem reservas, embora os homens sempre a magoassem. Shane não compreendia por que ela ainda não se tornara fria e cínica em relação ao amor. Sua capacidade de elevar o espírito e continuar com o mesmo grau de esperança, confiança e otimismo o impressionava. Pensou na ex-mulher e no próprio coração, que parecia estar finalmente começando a se recuperar. Dois anos após o divórcio, pensar em Tish ainda o deixava trêmulo. Ele a amara com todas as forças do seu ser, e ela o desapontara profundamente. Nenhuma dor o ferira tanto quanto a traição de Tish. Muitas vezes, durante os últimos vinte e quatro meses, tinha tentado se convencer de que a odiava. A raiva era uma chama que trazia no peito, e que alimentava sempre que sua mente vagava na direção das recordações ternas e doces. Porém, não conseguia odiá-la. O fato era que, não importava o quanto tentasse suprimir sua fraqueza, na escuridão da noite se achava desejando-a, assim como tudo aquilo que haviam perdido. Ansiava por sentir o corpo curvilíneo aconchegado ao seu, o aroma dos exuberantes cabelos ruivos, o ...

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