Livro: Um Coração Puro Página 2

... alvo quando no último momento, o cavalo do rei se assustou. Em troca, a flecha atingiu um dos guardas reais que tinha saído em busca de seu rei errante. O perpetrador fugiu entrando no bosque, já que era especialmente denso. Várias semanas mais tarde, antes que por fim o apanhassem e encarcerassem… Era Ellis, lorde Westerbrook. Embora também houvesse outro… Antes de exalar o último suspiro, o guarda ferido havia dito com voz entrecortada que havia dois agressores. Imediatamente, os homens do rei levaram Juan muito, muito longe por medo de que fizessem outra tentativa. E foi devido a esta tentativa de assassinar o rei que Gilbert de Lincoln tinha pegado seu cavalo e cavalgado de maneira amalucada pelo bosque, o lodo e a escuridão quase dois dias para alcançar seu rei. Estava empapado até os ossos pela interminável garoa, impregnado até o centro de seu ser. A capa gotejava em atoleiros sobre os juncos esparramados debaixo de suas botas. Gilbert não desfrutava das notícias que estava por dar. Temia profundamente que em breve o humor do rei seria tão horrível como o tempo de fora. —Sim, Majestade. Trago notícias de Ellis. Juan se inclinou para frente. Ao Ellis, o canalha, apanharam-no perto da fronteira escocesa; Juan tinha ordenado que o levassem a Rockwell, seu castelo próximo. Mas tinha se impacientado ante a negativa de Ellis de revelar a identidade do outro homem responsável por atentar contra sua vida. Não obstante, Ellis admitiu de boa vontade sua própria culpa. Isto tinha exposto um dilema… Embora não por muito tempo. Era tocante ver que Ellis era um homem orgulhoso e honrado, um homem de princípios. Mas todo homem tinha sua debilidade tinha argumentado Juan, inclusive até as costas mais fortes se quebram ante a persuasão adequada. Tinha ouvido o muito que Ellis amava seus filhos e por essa mesma razão enviou seus homens para Westerbrook para raptar à filha de Ellis, Gillian, e seu pequeno filho, Clifton. O rei tinha supo ...

to que Ellis cantaria como um rouxinol quando levassem seus filhos frente a ele com uma espada em suas gargantas. —De acordo, então fale! Diga-me, porque desejo saber, e desejo sabê-lo agora! Ellis confessou o nome do canalha com o que conspirou para me assassinar, não é verdade? Quem é então? Quem é o outro safado? Gilbert havia se posto pálido. Roubou-lhe um olhar a outros presentes da sala, os homens do rei, Geoffrey Covington e Roger Seymour. Também se encontravam ali o lorde de Sommerfield, pois era em seu castelo onde Juan tinha decidido refugiar-se durante a noite. Gilbert travou os joelhos para deter o tremor. Temia por sua vida, não podia evitá-lo. Na verdade, era bem sabido que Juan possuía uma veia vingativa. Se o rei o desejava, podia ordenar que lhe queimassem os olhos, ou lhe cortassem o nariz… Ou algo pior. Eram muitas as pessoas que não duvidavam de que Juan tinha assassinado seu próprio sobrinho, Artur de Bretanha, quem agora colocou em dúvida o direito de Juan ao trono inglês. Não era de estranhar que Gilbert não tivesse estado desejoso de ser o portador das notícias que daria essa noite. O interrogatório do rei deixou Gilbert com as palmas das mãos úmidas e suor na testa. —Não… Não sei Majestade — gaguejou— Ellis… Não confessou nada sobre o outro homem. O sorriso de Juan desapareceu. Seus dedos grossos e cheios de joias tamborilavam sobre a superfície da mesa, pois ao rei lhe agradavam os excessos e se permitia muitos. Franziu o cenho com impaciência. —Por Deus! Não tenho mais que imbecis que me sirvam? Por que demônios vêm para mim, então? Escapou? —Não, Majestade. —Então? Gilbert tragou. Sabia muito bem que a tortura não tinha obrigado Ellis a confessar. Na verdade, estremecia ao pensar o que este tinha resistido. Ele nunca teria sido tão leal e firme. Se tudo o que se havia dito era verdade, Ellis de Westerbrook não gritou, nem sequer uma só vez… —Está morto, Majestade. E ...

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