Livro: As cores do amor Página 3

... bolachas. Um santo remédio. O vendedor estava ajoelhado, agora, diante de Greer como o príncipe de Cinderela. — Veja, Ally! Vermelhos! — a menina ficou de pé e novamente começou a bailar e rir. Foi a vez do vendedor se levantar. — Caíram como uma luva. Sua filha, como a senhora, gosta de cores vivas. Alice quase disse que Greer não era sua filha, mas acabou preferindo manter o equívoco. — Cor é vida. Já temos cinza demais ao nosso redor. Gostou do sapato, querida? Quer ir com ele? A resposta afirmativa a deixou aliviada. Finalmente poderia sair da loja e da presença daquele homem inquietante. — Como prefere pagar? — o vendedor indagou. — A vista ou com cartão? Ele já estava embrulhando os tênis velhos quando Alice finalmente conseguiu retirar o cartão da sacola. Mas foi só no momento em que estendeu a mão para entregá-lo que viu a etiqueta com o preço. — Espere! Custam tudo isso? Mas é o dobro do que eu paguei pelos meus, na semana passada! — O tamanho nem sempre equivale à qualidade, senhora. O comentário a deixou ainda mais irritada. — Os sapatos infantis geralmente são mais caros porque são feitos de pelica e estes fazem parte de nossa linha especial de exportação. Greer estava fascinada pelos sapatos. Era uma pena não levá-los, já que ela nunca costumava pedir nada, mas não podia permitir que aquele homem arrogante a intimidasse. — Sinto muito. O senhor não teria um outro par? Da mesma cor e do mesmo tamanho, mas por um preço mais barato? — Sim, madame — ele apontou para outras duas caixas que havia trazido, e também para as etiquetas. — Greer, venha aqui, querida. Quero que experimente outros sapatinhos ainda mais bonitos. A curiosidade fez com que a menina a atendesse sem demora. Assim que viu a segunda oferta, no entanto, Greer encolheu o pé. Alice enrijeceu. A batalha estava prestes a começar. — Talvez eu possa ajudar — o vendedor se ofereceu. Alice quase deu uma gargalhada ...

Bem que queria vê-lo tentar! No mesmo instante.-Geoffrey terminou de comer a bolacha e tentou se levantar do carrinho. Ela tirou um bichinho de pelúcia da sacola e entregou-o a ele. Enquanto isso, Greer havia se sentado sobre os pés. — A cor destes outros sapatos é mais bonita — o vendedor estava dizendo. — Quer ver? — Ele levou a caixa até um foco de luz e tirou a tampa. O verniz vermelho reluziu. — Eles ficarão lindos em você. Alice tinha de admitir que o homem tinha charme, quando necessário. Ele estava dedicando total atenção a Greer, que, embora ainda não tivesse três anos, já contava com sua suscetibilidade feminina. Ela esticou uma perna para que ele lhe calçasse o sapato. Os dois se fitaram. O vendedor fez um movimento solene, como se ela estivesse comprando algo de um milhão de dólares. Como se concedesse um grande favor, Greer esticou a outra perna. Depois correu até o espelho e começou a dançar. — Obrigada — Alice agradeceu com sinceridade em consideração à perícia demonstrada. — Ficarei com esses. Foi uma compra, entretanto, que Alice preferiria esquecer, apesar do resultado ter sido satisfatório. Ela assinou o comprovante, apanhou o pacote, e colocou Greer no carrinho. Estava quase na hora do almoço. Teria de ser rápida se quisesse dar uma passada pela casa de sua amiga Anne e devolver seus livros e anotações. Anne e Alice se conheciam desde os oito anos de idade quando Alice se mudara com a mãe, o irmão e a irmã para uma cidade provinciana de South Island, na Nova Zelândia. A amizade começara, na escola, por causa de um desenho. Agora, aos dezenove anos, Anne entrara na faculdade de Belas Artes e emprestava todos os materiais para a amiga. O elevador a deixou no andar térreo. Empurrando o carrinho, Alice se dirigia à porta automática que dava para o estacionamento, quando uma figura alta, de terno cinza, bloqueou-lhe o caminho. Era inacreditável. O homem deveria ter voado os quatro andares, ...

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