Livro: Sem Coração Página 4

... amília desde antes do nascimento de Jason e era considerada parte dela, assim como a criada, Dilly, e o mo¬torista, John. Havia outros empregados de meio período, mas os antigos empregados ficavam na casa o tempo todo. Para Jason e Gracie, eram sua família. Gracie adorava viver na grande propriedade em San Antônio. Ela e os criados permanentes ocasionalmente iam para o rancho em Comanche Wells, para passar algumas semanas, especialmente quando Jason recebia hóspedes. Mas não eram os mesmos amigos da sociedade local que convidava para a mansão de San Antônio. Com freqüência, eram líderes mundiais que precisa¬vam de uma folga da intensa pressão de suas vidas, políticos ou funcionários de alto escalão do governo fugindo de escândalos e até mesmo um ou outro bilionário que queria privacidade por alguns dias. Jason escolhia seus amigos pelo caráter, não pela riqueza. Era uma das muitas coisas que Gracie gostava nele. Tinha um co¬ração grande e sempre se comovia com pessoas que passavam por dificuldades financeiras. Contribuía muito para associações beneficentes. Mas não parecia a espécie de homem que era fácil abordar, pois era introvertido. Tinha dificuldade de se conectar com pes¬soas e, por isso, parecia intimidador para muita gente, inclusive seus hóspedes, que tinham dificuldade de conversar sobre assun¬tos pessoais com ele. Conseguia relaxar e ser ele mesmo apenas com Gracie. Ela achava que era uma questão de confiança. Sentia-se seguro com ela, como ela se sentia com ele. Sua amiga Barbara, que dirigia uma cafeteria em Jacobsville, repetia sempre que era uma pena que Jason e Gracie se vissem como irmão e irmã quando tinham tanto em comum. Gracie lhe lembrara que não havia laços de sangue entre eles. O pai de Jason, Myron Pendleton, havia se casado com a mãe de Gracie e, apenas duas semanas depois do casamento, ela morrera num acidente de carro. Myron Pendleton mantivera Gracie, que não tinha outros parentes vivos, em ...

sua companhia e logo lhe dera outra irmã de criação, Gloryanne Barnes. agora sra. Rodrigo Ramirez. quando se casara com a mãe de Glory, Beverly, alguns meses mais tarde. Glory e Gracie tinham mais em comum do que a maioria das pessoas pensava. Eram grandes amigas e, quando estavam na escola, eram as duas contra o mun¬do, já que ambas tinham cicatrizes emocionais de suas infâncias e não se sentiam bem na companhia de rapazes. Raramente ti¬nham encontros e haviam sido objeto de perseguição de estu-dantes valentões, situação a que Jason pusera um fim com rara eficiência, rapidez e discrição. E Glory, apesar de casada e tendo uma vida própria, continuava a ser o mais próximo que Gracie tinha de uma irmã. Gracie tomou um banho rápido de chuveiro, lavou e secou o cabelo e se vestiu com um jeans muito feminino, com uma faixa bordada de rosas cor-de-rosa na lateral de uma das pernas e uma camiseta também cor-de-rosa. Impulsivamente, escovou o longo cabelo de um louro muito claro, trançou-o e prendeu a trança num rabo de cavalo. Olhou para si mesma no espelho, e seus olhos cinzentos bri¬lharam. Tinha uma pele suave e brilhante. Não era linda, mas era bonita, a seu modo tímido. Franziu a testa, perguntando-se se seria adequado usar rabo de cavalo na idade dela. Algumas vezes fazia coisas que as pessoas consideravam estranhas. Aquela pequena falha no cérebro causava danos sérios a seu ego de vez em quando. Bem, era tarde demais para se preocupar com aquilo. Colo¬cou a mochila leve nas costas e calçava as botas sobre as meias grossas quando ouviu a buzina impaciente do lado de fora. Jason, como sempre, com pressa. Desceu a escada correndo e quase caiu. Lembrou-se que deixara o celular no quarto. Hesitou, en¬tão pensou, que diabos, Jason tinha o dele. Continuou a descer a escada e saiu pela porta da frente. — Vou almoçar fora! — gritou. — Está bem, querida — gritou de volta a sra. Harcourt. Jason estava batendo os dedos no volan ...

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