Livro: Volta ao passado Página 2

... para trabalhar; e o internato era tão caro! O fato é que Jeremy já estava lá há um ano. Ele era muito levado, é verdade, mas toda criança é. Além disso, ela não tinha mesmo outra alternativa. Portanto, estava resolvido. O problema agora eram as férias! O que ia fazer se sua mãe se recusasse a tomar conta de Jeremy? Elas não tinham outros parentes para quem pudessem pedir uma coisa dessas. E nunca iria recorrer às irmãs de Charles. Não queria nem que o menino ficasse com o próprio pai. Apesar do tráfego intenso, Lilian continuava dirigindo automaticamente, tentando encontrar uma solução. Não ia deixar que Charles levasse Jeremy para a fazenda! Não queria que seu filho passasse o dia todo entre as vacas, nos estábulos, ou mexendo com feno. Não! Tinha que dar outro jeito! E se Charles não tinha feito a menor questão de ver o filho nesses últimos três anos, por que insistia tanto em ficar com ele agora, por uns dias? Apesar de tanta coisa martelando em sua cabeça, Lilian notou que alguém olhava para ela insistentemente. Virou para o lado e viu que um rapaz, muito bronzeado, dirigindo um carro esporte vermelho, lhe fazia sinais, dizendo que a achava encantadora. Hum. era bom se sentir admirada! Sem perceber, passou a mão pelos cabelos loiros e sedosos, para ajeitá-los melhor. Tinha os cabelos lisos e longos, o que acentuava a linha oval de seu rosto. De repente, foi tirada desse devaneio por uma brecada forte do carro à sua frente. Não estava atenta e. acabou batendo nele. Um homem de meia-idade, muito bravo, desceu e veio até ela. — Não sei porque deixam as mulheres dirigirem! — ele exclamou com raiva. — E agora? Eu não vou pagar pelos prejuízos que você me causou! Lilian lhe assegurou que tinha toda a culpa e que seu seguro se encarregaria de pagar os prejuízos. Deu o seu endereço e o da companhiade seguros, e o homem acabou indo embora. Só então foi verificar o que tinha acontecido com seu carro. Um dos faróis ...

havia se quebrado e o pára-choques estava amassado. Será que não ficava mais barato ir trabalhar de táxi, em vez de consertar o carro, pagar seguro, etc.? Voltou para o carro e passou a dirigir com mais atenção. Mas seus pensamentos não obedeciam a seu controle e ela se viu novamente pensando em Jeremy. Ela o amava tanto que queria tê-lo a seu lado, de qualquer maneira. Acabaria dando um jeito de ficar com ele nas férias. Poderia levá-lo para o escritório, embora isso significasse ficar várias horas sentado, quieto, desenhando ou lendo. Achava que Lance não ia se importar se ela fizese isso. Afinal de contas, oito semanas passavam depressa. E três dessas oito semanas, ela também estaria de férias. Portanto, tinha certeza de que daria um jeito! Não podia culpar a mãe por não querer ficar tomando conta de Jeremy. Não era fácil para uma mulher de sessenta anos aguentar um garoto levado, de sete. E depois, já tinha criado a própria filha, que, segundo ela, era bem irrequieta. Por que ainda teria de tomar conta do neto? Lilian começou a recordar seu tempo de criança e juventude. Sempre foi muito ativa, como seu pai, e se lembrava das muitas reuniões políticas a que comparecia, dos amigos hippies que levava para casa, e dos inúmeros namorados que tanto preocupava sua mãe, até que conheceu Charles, e desse casamento tinha surgido Jeremy. Saindo da estrada, Lilian pegou a avenida que terminava nos portões da W.L.T.V., a estação de teve onde trabalhava. Deu um sorriso para o porteiro, que a cumprimentou gentilmente, e foi para o estacionamento, onde uma vaga com seu nome a aguardava. Era bom ter essa vaga no estacionamento. Isso só acontecia com o pessoal mais graduado e seu cargo atual era de secretária particular do departamento de programas. Mas ela era mais do que isso; era o braço direito do diretor. Precisou percorrer um longo caminho, até chegar a esse ponto. Lembrava-se ainda de quando se apresentou pela primeira vez na W.L ...

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