Livro: Alcançar as Estrelas Página 3

... O que aconteceu, papai? — Não a levarei nesta viagem, minha filha. Não posso me arriscar, num momento em que os ingleses estão agindo com tanta violência contra nós. Eliza começou a entender. O pai temia por sua segurança. Mas nunca haviam se separado, nos quinze anos desde a morte da mãe. Não era justo que ele a deixasse para trás! — Mas papai. — Já está tudo acertado, Eliza — o homem interrompeu-a com tristeza. — Sua tia Anne cuidará de você, se for necessário. E o tempo passa depressa, menina. Logo estaremos juntos novamente. — Nós sempre encontramos navios ingleses, papai, e nunca ne¬nhum nos pegou — ela argumentou. — Por que se preocupa, agora? — Porque as coisas mudaram, filha. Esses malditos britânicos estão empenhados seriamente em nos castigar. Quando capturam um navio americano, não se limitam a tentar extorquir dinheiro ou a multar. — Eu sei — ela concordou. — Agora, mandam o capitão para a cadeia. — E usam os canhões, quando um navio tenta fugir — o pai observou. — Seria loucura levá-la comigo. Eliza pôs as mãos nos quadris em atitude desafiadora, sacudindo a cabeça ruiva com impaciência. — Não tenho medo — declarou. — Sei atirar tão bem quanto qualquer homem. Tanto de pistola, como de rifle. Você mesmo me ensinou, pai. Não tenho medo da Gaspee. — Não se trata de ter medo, ou não, Eliza. Sei que é corajosa. — Então, por que não quer me levar com você? James ficou em silêncio e uma suspeita surgiu na mente de Eliza. Ele às vezes dizia que uma jovem que ia completar vinte e dois anos já deveria estar casada. Comentava, então, que a mãe dela casara com ele aos dezessete e fora uma esposa maravilhosa. Eliza replicava que nenhum dos rapazes que conhecia despertava-lhe qual¬quer sentimento, além de amizade. Seria possível que o pai a quisesse deixar em Providence para que ela tivesse tempo de conhecer melhor seus admiradores? Teria esperança que ela permitisse q ...

e um da¬queles jovens pacatos e tediosos a cortejasse? — Responda, papai — exigiu. — Por que está querendo me deixar aqui? — Já disse, Eliza. As viagens estão ficando muito perigosas. Você ficará mais segura em casa. Poderá divertir-se com suas amigas e. — Não acho nada divertido tomar chá na casa de uma e de outra, e ficar bordando tapeçarias como uma. — Tomei minha decisão, Eliza — o pai interrompeu-a num tom severo que a silenciou. Da mesma forma que os tripulantes que o serviam a bordo do Pavão dos Mares, ela aprendera a não discutir com James Raeburn quando ele dava mostras de irritação. Apesar de generoso e normal¬mente bem-humorado, o pai possuía um gênio explosivo que ninguém ousava desafiar. Em silêncio, recolocou o chapéu e amarrou-o sob o queixo, se¬guindo o pai, que já se encaminhava para a prancha de embarque. Desceram para o cais, onde encontraram Philip Deane, amigo e advogado de James. — Boa tarde, Raeburn — o homem saudou, sorridente. — Está indo à casa de John Brown? — Para a casa de John Brown? — o capitão estranhou. — Não. Por que deveria ir lá agora? — Ah, vejo que não ouviu a boa notícia! — exclamou o advogado. — Que boa notícia, homem? Fale logo. — Toda Providence já sabe. Um dos capitães de Brown teve a sorte descarada de encurralar a Gaspee em Nanquit Point. — O que está me dizendo, Philip? — o pai de Eliza replicou, atônito. — Que a maldita Gaspee foi capturada. Estamos todos convidados a ir à casa do Brown, para decidir o que fazer. Eliza sorriu, animada. Se era verdade que a temida escuna fora aprisionada, o pai não teria mais motivo para deixá-la em Providence quando partisse! Precisou conter-se para não abraçar o advogado e obrigá-lo a dançar no pavimento irregular do cais. CAPÍTULO II A rebelião eclodiria muito em breve, pensou Gardner Griffin, olhando pela janela. Talvez naquela noite mesmo. Os homens chegavam para a reuni� ...

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