Livro: A tortura do desejo
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... Anne Mather Copyright: Anne Mather Título original: “Dark Castle” Publicado originalmente em 1975 pela Mills & Boon Ltd., Londres, Inglaterra Tradução: Rilda Machado Lorch Copyright para a língua portuguesa: 1983 Abril S.A. Cultural e Industrial : Sao Paulo Composto e impresso em oficinas próprias Foto da capa: Bik Press Estava ficando louca? Não podia se entregar a ele novamente. Tinha que fugir. Como, se estava presa naquele castelo sombrio e lá fora só havia o lago de águas geladas e a neblina traiçoeira? Este livro faz parte de um projeto sem fins lucrativos. Sua distribuição é livre e sua comercialização estritamente proibida. Cultura: um bem universal. Digitalização: Palas Atenéia Revisão: Edith Suli CAPÍTULO I O trem saiu lentamente da estação de Inverness. Quando as últimas luzes da cidade sumiram na neblina da noite, Julie viu seu rosto refletido na vidraça. Àquela hora havia pouca gente no vagão, o que não a surpreendeu. Não era época de temporada, e havia um ar de abandono nos lugares vazios; há apenas algumas semanas, o vagão fervilhava de turistas, todos ávidos para apreciarem as alegrias de uma viagem ao Kyle Lochalsh. Não que Julie conhecesse o lugar ou os encantos da viagem. Até poucas semanas atrás, nunca tinha ouvido falar dele. Mas Mark tinha, e foi idéia dele ela vir. Talvez achasse que a beleza do cenário poderia, de certo modo, compensar pelo que a estava obrigando a fazer. Suspirou. Tinha sido uma viagem longa e cansativa, e estava nervosa. Em primeiro lugar, não queria vir, e as longas e monótonas horas no expresso que seguiu rumo ao norte não mudaram sua opinião. Preferira ir de trem, em vez de guiar seu carro, por duas razões: primeira, seria bem mais rápido; segunda, menos cansativo. Mas, com o passar das horas, e sem conseguir dormir, começou a pensar se não seria melhor ter que prestar atenção à estrada e, assim, esquecer as lembranças. E ...

tremeceu. Estava com frio. Tinha esperado quase quatro horas em Inverness, e nem mesmo o calor do pesado casaco de pele de carneiro havia sido suficiente para evitar o desconforto dos ventos gelados que sopravam das montanhas e castigavam a estaçãozinha. Mas só havia dois trens diários, e, embora devesse viajar alguns poucos quilômetros, era a única ligação com Achnacraig. Achnacraig! Olhou, pensativa, a escuridão lá fora. Bem típico de Jonas ser tão pouco acomodado e se colocar quase fora do alcance dos outros! Entretanto, nunca imaginaria que ele fosse viver tão longe de Londres ou de seu amado Yorkshire, ou qualquer dos lugares de que gostava tanto. Sabia que ainda conservava seu apartamento em St. James News porque tinha telefonado antes para lá; a zeladora informou que o sr. Hunter havia partido para a Escócia há algumas semanas. Apertou as mãos no colo. Tinha escrito para Achnacraig, para o endereço que seu chefe lhe dera, mas a resposta de Jonas foi breve e lacônica: se quisesse entrevistá-lo, teria que ir à Escócia. Olhou em volta, irritada. Seus únicos companheiros eram um homem de cara vermelha, que carregava uma vara de pesca, e uma mulher que provavelmente estivera fazendo compras em Inverness. O interesse inicial dos dois por ela tinha diminuído depois de alguns minutos, e agora pareciam entregues aos próprios pensamentos. Tentou ser otimista. Esperava que houvesse um hotel decente em Achnacraig. Queria ter uma boa refeição e uma noite de sono, para reunir toda a coragem antes de ver Jonas. Se conseguisse vê-lo no dia seguinte, poderia voltar para Inverness à noite e seguir viagem para Londres no outro dia. Abriu a bolsa e tirou o compacto, examinando discretamente o rosto no espelhinho. Estava com olheiras, depois da noite maldormida no leito do trem. Os cabelos, presos num coque firme, davam-lhe um ar severo e acentuavam a palidez e a magreza. Não pôde deixar de pensar se Jonas repararia em sua mudança. Estava be ...

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