Livro: Brilho no Olhar Página 3

... o podia compreender como, se ele não conseguia chegar a tempo de uma simples reunião. Ela encontrou uma porta que devia dar no pátio. Por um instante ela parou e se endireitou, antes de abrir a porta pesada de madeira. Pelo que tinha visto da janela, ela sabia o que estava para enfrentar, só não sabia o efeito que isso causaria nela. Por alguns segundos, ficou sem fala. Ele estava de costas para ela, costas largas e pele bronzeada. Bem, devia ser devido ao tempo que passava ao ar livre, provavelmente sem camisa. Devia ser a raiva que sentia que a deixava tão afogueada. A cesta ficava do outro lado do piso de asfalto no pátio. Ele estava com a bola nas mãos, os pés afastados, joelhos levemente dobrados como se preparasse um arremesso. Sophy esperou pelo momento certo. Assim que o corpo dele se mexeu para arremessar a bola, ela chamou por ele, num tom de voz um pouco mais alto: — Lorenzo Hall? Claro que ele não acertou a bola na cesta. Sophy sorriu. Mas, em seguida, o sorriso desapareceu. Ainda que houvesse uns três metros entre eles, ela podia sentir a raiva que provocou. Ele virou a cabeça, olhou para ela com ódio. Depois, olhou de volta para a cesta. Só precisou desse tempo para analisá-la? Sophy não estava acostumada a ser dispensada tão rapidamente. Ela poderia não ter tido o mesmo sucesso que sua família como advogada, mas sua elegância sempre chamara atenção. Sempre impecável e adequada. Ela se preocupara com sua aparência por tanto tempo que agora já agia com naturalidade. Portanto, sabia que estava bem na sua saia de linho azul-clara e blusa branca. O batom era suave e o rosto não estava brilhante. Seu cabelo, no penteado de sempre, devia estar direito; ela nem se esforçava mais para arrumá-lo. A bola quicou algumas vezes no chão. Ele nem precisou se mexer para reavê-la. Assim que ele a teve de volta nas suas mãos grandes, olhou para ela novamente. Depois se virou, fez pontaria, jogou e acertou dessa vez. Se não es ...

ivesse tão irritada, ela teria ido embora naquele exato momento. Então, qual era o sentido daquilo, hein? Sua pequena exibição de jogador de basquete era mais importante do que o compromisso com ela? Ela só ouvira elogios sobre a organização de caridade desse sujeito. Soubera de alguns boatos sobre seu passado e sua meteórica ascensão. As pessoas achavam maravilhoso que alguém com o passado dele pudesse se transformar num sucesso tão grande. Bem, Sophy não estava disposta a ser tão condescendente com esse egoísta. — Não temos uma reunião marcada? — Ela se recusou a se oferecer para voltar outra hora e tentou se controlar. A bola quicou de volta para ele de novo. Ele a jogou para o lado e se encaminhou na direção dela. Sua calça jeans estava baixa e deixava à vista um pedaço da cueca. Ela não deveria, mas não conseguia deixar de olhar. Não havia gordura sob a pele, apenas músculos que saltavam à medida que ele caminhava. O olhar dela foi subindo e ela pôde ver o peito másculo e cabeludo. Seus ombros eram retos e largos, os braços, musculosos, e a pele bronzeada brilhava de suor. Sophy percebeu que ele estava ligeiramente ofegante. Seu peito subia e descia rapidamente e o dela estava apertado ao observá-lo. Ela estava hipnotizada por aquele peito forte e másculo. O olhar dela desceu pelo corpo daquele homem mais uma vez. Ele deu mais dois passos, chegando bem perto dela. Sophy olhou para ele assustada. Percebeu que ele levava seu olhar de cima a baixo, investigando. Ela encontrou seu olhar, mas não quis dar o braço a torcer. No momento em que ele teve certeza da atenção dela, ele a percorreu toda com os olhos. Ela sentiu a pele queimar ao vê-lo olhar para o seu pescoço, para o seu decote e para o volume dos seus seios. Tentou não corar e sentiu a raiva aumentar. Devia merecer isso. Não fora exatamente o que ela fizera com ele? Não havia sido intencional e nem uma provocação. Só não tinha percebido como fora óbv ...

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