Livro: Caminhos do Destino Página 2

... viam se revelado inúteis. Ele era um homem astuto e perigoso. Seus golpes, ela soube mais tarde, haviam atingido um grande número de pessoas, principalmente mulheres. Andrea balançou a cabeça para afastar o pensamento e olhou para o prédio de três andares a sua frente. O engenheiro havia mandado retirar os tapumes da obra e a fachada georgiana agora podia ser vista em todo seu esplendor. Quando comprara o imóvel, ele estava em risco de desabar. Fora uma tarefa árdua convencer o pessoal da Prefeitura, o arquiteto e o engenheiro a salvarem o prédio. Mas o esforço valera à pena. Os trabalhos de restauração haviam sido perfeitos. Ele havia recuperado sua impo¬nência original. Jamais esqueceria o momento glorioso em que o pre¬feito do condado cortara a fita sob a placa dourada em que ela mandara gravar o nome de seu pai, in memória, e os dizeres que estabeleciam que os fundos para a obra haviam sido doados por ele. O último andar abrigaria os escritórios onde ela cuidaria de tudo que dizia respeito às obras assistenciais sob sua supervisão. Os dois primeiros funcionariam como um centro de convivência, com palestras e cursos. Seus planos eram montar um café, uma sala de música e uma pequena bi¬blioteca também. O local seria uma espécie de clube. No hall de entrada, Andrea colocaria um retrato de seu pai. Ele havia sido um homem e um pai maravilhoso. Seu raciocínio analítico, sua inteligência brilhante o fizeram enriquecer e se tornar uma pessoa de prestígio no mundo dos investimentos. Mas acima de tudo, seu pai fora bom e generoso. Foi dele que Andrea herdou a devoção aos semelhantes. E seria em nome dele que continuaria a cuidar da população carente de seu condado. Mas não foi apenas a inclinação para a caridade que Andrea herdou de seu pai. Ela também era uma executiva esperta e incansável no mundo dos negócios. Como não precisava de dinheiro para sobreviver pois a herança deixada por seu pai garantiria sua segurança e ...

conforto pelo resto de seus dias, Andrea se dedicava quase que integralmente à melhoria da qualidade de vida dos outros. Andrea era grata à sorte pelo muito que tinha, não apenas em matéria de conforto, mas de amizades. Sua família tinha raízes espalhadas pelo condado ha¬via diversas gerações. A maioria dos parentes vivia no campo, mas ela mantinha laços estreitos com todos eles. Sim, tinha muito a agradecer. Por que, então, não con¬seguia se sentir inteiramente feliz? Por que não arran¬cava de vez aquela mágoa do peito? Respirou fundo. Não queria se entregar a recordações dolorosas. Aliás, não entendia o que as despertara. Não era certo sentir tristeza quando Anna estava tão radiante e Beth e Kelly tão felizes. Ergueu os olhos para o céu. Parecia uma pintura. O azul estava intenso e as poucas nuvens que o enfeitavam pareciam feitas de algodão. Ao redor da praça, as lojas já estavam decorando suas vitrines com flores e cartazes anunciando as festividades de primeiro de maio, data muito comemorada cuja tra¬dição remontava à era medieval. Haveria um desfile de carros alegóricos patrocinados pelas principais empresas do condado, a apresentação de uma fanfarra, uma grande fogueira e uma sensacional queima de fogos. Como uma das principais coordenadoras do evento apon¬tada pelo comitê de planejamento, Andrea sabia que em breve não encontraria nem sequer tempo para respirar. Era preciso organizar até mesmo o trânsito, estabele¬cendo regras especiais para aquele dia. Em tempos pas¬sados, como Andrea teve oportunidade de descobrir por meio de um documento que havia lhe chegado às mãos, os responsáveis pela festa precisavam impor regras não para o trânsito de carros, mas de carneiros, bois e cavalos. Por mais que Andrea insistisse em ocupar os pensa¬mentos com seu trabalho, foi obrigada a voltar ao assunto sobre gravidez e bebês aquela noite ao chegar em casa. Uma prima por parte de sua mãe havia tido gêmeos e a o ...

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