Livro: A terra da paixão Página 3

... ez com que erguesse a perna na direção da virilha do atacante. Mas seu joelho não atingiu nada. Ele se esquivou, esbravejando: — O que diabos pensa que está fazendo, escondida dessa forma? Em vez de procurar manter a calma, ela golpeou o peito musculoso com toda a raiva. — Como ousa me atacar dessa maneira? E eu não estava escondida! Simplesmente observava os caribus! — Sua tola! Eu poderia tê-la matado! — Solte-me! Ele voltou a praguejar, dessa vez em inglês, o tom cortante. Mas pelo menos parou de sacudi-la. Respirou fundo e disse rispidamente: — Inferno e maldição! Nell ficou muito quieta, aguardando que a calma retornasse àqueles olhos de um azul-escuro, quase negro. O homem engoliu em seco. Ela sentiu o peso e o desconcertante calor das mãos que relaxavam a pressão em seus ombros. — Tenho que admitir que os impropérios que você falou em francês são bastante expressivos — comentou, ofegante. — A propósito, eu já estava a ponto de me levantar e dar o ar de minha graça quando você caiu. Ele abriu os olhos, a expressão mais gentil. — Droga, precisa ficar me lembrando disso? — Droga, precisa gritar comigo? — Você também está gritando! — Não é para menos! O sol incidia no rosto de Nell, sobre o nariz afilado, emprestando um tom dourado à sua pele. O desconhecido respirou fundo. Fitava-a como se estivesse vendo uma mulher pela primeira vez. Nell ficou paralisada ante a intimidade daquele olhar. Ele então falou calmamente: — Quando eu era criança, costumávamos colher maços de capim-do-campo para levar à professora. Você conhece? As flores são como pequenas estrelas, em tons de azul e roxo. exatamente como a cor de seus olhos. Nell sentiu o sangue subir para o rosto, principalmente porque jamais estivera diante de um homem tão atraente. Mas ele suspirou, exasperado, quebrando o encantamento. — Você também viu os caribus quando vinha pela estrada. Era por isso que estava escondida. Nell ...

até se esquecera dos animais. — Eles já se foram — murmurou. O desconhecido lamentou: — Eu os assustei, quando caí. Ela respirou fundo. — Você os assustou quando saltou sobre mim como um lobo faminto. — Não há lobos em Terra Nova. — Como um urso, então — ela replicou. — Ursos não morrem de fome no verão. Havia um brilho bem-humorado nos olhos escuros do estranho. Como Nell poderia descrevê-lo? Devastador? Lindo? Sensual? Todas as opções anteriores? — Seria gentil se me pedisse desculpas — ela sugeriu. — Não é todo dia que um estranho me encosta numa pedra e me sacode como um tapete velho. Ele coçou a cabeça, indeciso. Nell teve o pressentimento de que aquele rosto, apesar de atraente, já presenciara muita dor. — Eu. feri a perna há poucos meses e venho tentando não forçá-la. Fico enfurecido quando caio como um bebê que está começando a andar. — Homens de verdade nunca caem? — Homens de verdade pelo menos conseguem se equilibrar nos dois pés! Ela ergueu uma sobrancelha. — Está se saindo muito bem. Agora só falta dizer algo parecido com "sinto muito" ou "desculpe-me". — Mas acabei de explicar! — ele se exasperou. — De que mais precisa, de um diagrama explicativo? — Talvez o diagrama mostre onde aparecerão os hematomas em meu corpo, amanhã. — Você é francesa? — Holandesa. E não mude de assunto! — Fala muito bem minha língua — ele comentou, intrigado. — Ponto para mim. E você, é do serviço secreto? Ou está apenas treinando para ser o próximo James Bond? — Em Terra Nova não temos lobos nem serviço secreto. — Então é um policial. — Não, e você é a mulher mais insistente que já conheci. — E você já está mudando de assunto novamente — ela retrucou. — Agora, cá entre nós, costuma atacar todas as moças que conhece? Ou apenas as que são menores do que você? Era difícil avaliar, mas ele certamente era muitos centímetros mais alto do que ...

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