Livro: Rosa Selvagem Página 2

... . Se ela tivesse uma arma, eu seria um homem morto, Harrigan refletiu. Ellen era inteligente. Sabia quem o mandara e por que ele viera. E faria de tudo para não voltar. – Não adianta. Mahoney, se esse é seu nome. Isso não vai dar certo. Harrigan fingiu-se pesaroso. – Por que insiste nessa farsa, doçura? – Felizmente, não entendeu as palavras que ela murmurava. – Não poderia aceitar o inevitável, pelo menos uma vez na vida? O xerife Smith aproximou-se de Harrigan. – Tem certeza de que deseja levá-la de volta, sr. Mahoney? – cochichou. – Terei de suportar o peso nos meus ombros, e já está mais do que na hora de aliviar o seu. – Sem dúvida! Harrigan estava preparado e, assim que Smith abriu a porta, agarrou Ellen, impedindo-a de fugir. E sufocou um gemido quando foi atingido por um pontapé na canela. Depois de ouvir mais algumas pragas, concluiu que Ellen passara muito tempo próximo das docas, em Filadélfia. Com um suspiro de resignação, jogou-a por sobre o ombro. – Nunca aceitei que um homem batesse na esposa. Mas agora. – Se estivesse no chão, palhaço, eu lhe mostraria como se estraçalha um saco de banha! – Ellen ergueu a cabeça e viu Smith corar. – Mande este homem me soltar, xerife Smith, ou eu o acusarei de cumplicidade no rapto! – Ora, doçura, o xerife conhece toda a verdade ultrajante. – Harrigan deu uma palmada no traseiro de Ellen. – Ele não sabe de nada! E se você me chamar mais uma vez de doçura, cortarei a sua língua! – Não deveríamos discutir nossas diferenças em público, doçura. Posso provar que aquela mulher nada significa para mim. Harrigan observou o aceno de concordância de Smith, que segurava a porta aberta, e congratulou-se por haver inventado aquela desavença matrimonial. – As mulheres muitas vezes não entendem as escapadas normais e consagradas de um homem. – Smith declarou e seguiu Harrigan até a calçada de tábuas. Possessa, Ellen tornou a erguer a cabeça. ...

– A inteligência nunca foi a marca da sua família, não é verdade, Smith? – Ellen estranhou ao perceber que Mahoney segurava o riso. O xerife não respondeu ao insulto. – Droga! A tia conseguiu se soltar! Harrigan olhou para o local apontado. Uma mulher de baixa estatura e quase tão graciosa quanto Ellen caminhava na direção deles. Metade dos cabelos castanhos estava presa no alto, e a outra metade deslizava pelo ombro delgado. Trazia nas mãos um rifle. Harrigan desviou-se no segundo imediatamente anterior ao tiro. Os dois homens que a perseguiam conseguiram agarrá-la. Jogaram-na no chão empoeirado e tiveram dificuldade em arrancar a arma de suas mãos delicadas. Harrigan olhou para trás. A considerar o buraco aberto na parede de madeira, imaginou o estrago que a bala teria feito em sua perna. Ao olhar para a mulher que esperneava e praguejava ao ser arrastada, teve uma certeza lamentável. A tarefa que lhe parecera uma maneira simples de ganhar dinheiro se tornava mais difícil a cada minuto que passava. – Mas que diabo, Louise! – Smith gritou quando os homens pararam diante dele. – Poderia ter matado este homem! – O que teria me dado um prazer imenso! – Louise gritou e agitou a cabeça para tirar os cabelos dos olhos. – Até mesmo um idiota da sua laia sabe que eu sempre acerto o alvo! Se abrisse um pouco esses seus olhos de porco, veria que, a julgar pelo local de entrada do projétil, eu não pretendia matar ninguém! – Obrigada por sua tentativa de libertar-me, tia. – Ainda não desisti, Ellen! – Vou trancafiá-la, sua maluca! – Você não tem o direito de fazer isso! – Ellen protestou. – Não há lei para punir tiros em edificações. – Não precisa me explicar o teor das leis, menina – Smith retrucou. – Alguém tem de fazê-lo. Você é muito estúpido. Harrigan impediu o gordo xerife de responder. – Smith, faça-me um grande favor. Prenda essa mulher até eu sair da cidade. – Com o maior praz ...

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